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As famílias que denunciaram um padre por ele ter abusado de meninos em Santa Catarina relatam ameaças nas redes sociais

O sacerdote, que atuava no Norte de Santa Catarina, foi preso. (Foto: Reprodução)

Familiares de crianças que denunciaram um padre da Paróquia Santa Paulina, da cidade de São Francisco do Sul, no Norte de Santa Catarina, por abuso sexual, agora relatam estar sofrendo ofensas de vizinhos, frequentadores da igreja e também nas redes sociais.

Conforme o delegado Marcel Araújo de Oliveira, algumas pessoas suspeitas de terem feito as ofensas foram identificadas, entra elas crianças e adolescentes, alguns deles colegas de escola das vítimas. O delegado pretende chamar um grupo à delegacia para explicações dar e esclarecer pontos da investigação.

“Eles passaram a difamar essas famílias como se as vítimas fossem, de fato, as que estavam erradas na situação, causando uma segunda vitimização deles, causando até transtornos da ordem psicológica para essas crianças”, disse o delegado.

A mãe de um dos adolescentes que denunciaram os abusos disse que tem sido difícil sair de casa. “É muito ruim ver que essas pessoas que sabem quem foram as famílias que fizeram a denúncia, em vez de apoiar, viram o rosto ou olham feio para as pessoas como se elas fossem as culpadas.”

Investigação

A Polícia Civil já ouviu cinco adolescentes, mas acredita que haja outros meninos que ainda não tiveram coragem de denunciar. O padre Marcos Roberto Ferreira foi afastado da Diocese de Joinville e está preso temporariamente desde o dia 9 deste mês.

O padre administrou a paróquia de Santa Paulina por quase cinco anos. Era considerado pela comunidade um religioso exemplar. Há duas semanas, no entanto, ele é suspeito de ter abusado sexualmente de meninos entre 11 e 13 anos.

Uma das vítimas contou à RBS TV o que aconteceu em uma das noites que teria sido convidado a dormir com o padre. “No meio da noite ele começou a lamber a minha orelha. Eu achei aquilo estranho. […] Daí ele tava passando a mão na minha barriga, ele tentou mexer no meu pênis e eu tirei a mão dele. […] Na terceira vez que ele fez força, eu não consegui tirar a mão”, disse.

O que diz a defesa do padre

Em comunicado, o advogado do padre, Karlo Murillo Honotório, afirmou que pediu a revogação da prisão temporária. O defensor reitera que não existe um processo contra o padre, e sim um inquérito policial.

“Não houve irregularidades legais quanto à prisão. O que existe são fortes fundamentos para que o padre Marcos seja colocado imediatamente em liberdade, não havendo motivos plausíveis para a manutenção da sua segregação. Sobre o mérito, reservamo-nos a apenas discuti-lo em juízo, em eventual ação penal”, afirmou o advogado.

“Podemos afirmar que o padre Marcos sempre desenvolveu um trabalho com muito zelo perante todas as comunidades que passou. Quem o conhece de verdade sabe disso, sendo que o padre Marcos é um excelente padre e uma excelente pessoa”, acrescentou.

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