A cidade de Yulin, no Sul da China, deu início a seu festival anual de carne de cachorro nesta terça-feira (23) apesar da oposição de ativistas. Já moradores locais se queixaram de novas medidas do governo para manter o evento discreto.
Milhares de cães devem ser mortos ao longo dos próximos dias para serem consumidos durante o festival. Todos os anos, este acontecimento gera críticas e manifestações de defensores de direitos dos animais. Neste mês, os ativistas entregaram às autoridades de Pequim uma petição com 11 milhões de assinaturas protestando contra a celebração, que dizem ser cruel.
Embora só houvesse um pequeno número de cachorros à venda no mercado central da cidade, vários ativistas compraram os animais que estavam expostos ainda vivos, como numa feira popular. De outra maneira, eles acabariam na grelha.
“Os cães sãos os melhores amigos do homem, os mais leais. Como podemos comer nossos amigos? Me digam”, questionou Yang Yuhua, um ativista de direitos dos animais que voou de Chongqing, cidade do Sudoeste chinês, para comprar alguns dos animais vendidos no festival deste ano.
Yang gastou mais de mil iuanes (150 dólares) para adquirir dois cachorros enjaulados no mercado.
Os vendedores dizem que esperam fazer bons negócios este ano.
“São muitas, muitas pessoas que gostam (de comer carne de cachorro). É um hábito seu, um hábito meu”, disse o vendedor, cujo sobrenome é Zhou.
Apesar das vendas a céu aberto, não se via a palavra chinesa para “carne de cachorro” em nenhum dos restaurantes especializados em cachorro.
Proibição
A cidade chinesa de Shenzhen proibiu o consumo de cães e gatos como parte de uma restrição mais ampla ao comércio de animais silvestres desde o surgimento do novo coronavírus.
Os cientistas suspeitam que o coronavírus tenha passado para seres humanos a partir de animais. Algumas das primeiras infecções foram descobertas em pessoas expostas a um mercado de animais silvestres na cidade de Wuhan, onde morcegos, cobras e outros animais eram vendidos.
As autoridades do centro de tecnologia no sul da China disseram que a proibição de comer cães e gatos entrará em vigor em 1º de maio.
“Cães e gatos como animais de estimação estabeleceram uma relação muito mais próxima com os seres humanos do que todos os outros animais, e proibir o consumo de cães e gatos e outros animais de estimação é uma prática comum em países desenvolvidos e em Hong Kong e Taiwan”, disse o governo municipal.
“Essa proibição também responde à demanda e consciência da civilização humana”.
A alta legislatura da China informou no final de fevereiro que estava proibindo o comércio e o consumo de animais selvagens.
Governos provinciais e municipais de todo o país estão adotando a decisão, mas Shenzhen é mais categórica ao estender essa proibição a cães e gatos.
As regras iniciais de Shenzhen, propostas pela primeira vez no final de fevereiro, pareciam proibir o consumo de tartarugas e sapos — ambos pratos comuns no Sul da China.
Mas o governo municipal reconheceu esta semana que isso tinha sido “um ponto de intensa controvérsia” e esclareceu que ambos podem ser comidos.