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Feministas se dividem sobre falas de Lula em gravações telefônicas grampeadas pela Polícia Federal sobre mulheres

(Foto: Sérgio Lima/Folhapress)

“Onde estão as mulheres de grelo duro do nosso partido?”, inquiriu o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A indagação, pescada em um dos grampos, foi feita em conversa de Lula com o ex-ministro Paulo Vannuchi. Representantes de movimentos feministas, como Lola Aronovich, do blog Escreva, Lola, Escreva, foram interpeladas por comentaristas na internet sobre essa e outras falas de teor supostamente machista.

Em uma publicação, a ativista escreveu, em resposta a “cobranças de reaças”: “É meio estranho o negócio, porque eles vivem negando que machismo existe”. A mais comentada talvez tenha sido mesmo a que envolvia o tabuísmo que designa “clitóris”. O “grelo duro” chocou muitas mulheres, que identificaram o termo chulo com uma atitude desrespeitosa.

Brasileira nascida na Argentina, Aronovich, que é professora do departamento de letras estrangeiras da Universidade Federal do Ceará, escreveu: “Pra mim me parece machista, mas não sei explicar o porquê. Outras feministas não acharam”. A escritora e ativista feminista Daniela Lima frisou o aspecto regional da fala. “Essa expressão é muito utilizada no Nordeste e é sinônimo de mulher forte.” A mesma explicação apareceu em comentários nas redes sociais. E frisou: “Se Lula dissesse que um homem é pica grossa, por exemplo, não causaria nenhum espanto”. “Isso reflete o lugar destinado ao corpo feminino em nossa sociedade e quais são as qualidades impostas a esse corpo, tais como fragilidade e docilidade”, disse ela. (Folhapress)

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