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Fernando Haddad ataca as elites por dar apoio a Bolsonaro e a campanha dele se volta para os eleitores mais pobres

Os petistas decidiram se voltar para os eleitores mais pobres, historicamente simpáticos ao ex-presidente Lula. (Foto: Ricardo Stuckert)

As declarações do senador eleito Cid Gomes (PDT) praticamente enterraram as esperanças de Fernando Haddad (PT) de montar uma ” frente democrática” em torno de sua candidatura no segundo turno da disputa presidencial contra Jair Bolsonaro (PSL). Sem a possibilidade de ampliar o arco de alianças, os petistas decidiram se voltar para os eleitores mais pobres, historicamente simpáticos ao ex-presidente Lula e que migraram para o candidato do PSL. Na terça-feira (16), Haddad retomou o discurso petista de ataques às elites.

Para tentar mostrar que não está isolado na disputa, Haddad também decidiu participar, na tarde de terça-feira, de um encontro promovido pelas frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo, que reúne movimentos sociais como a CUT, o MST e o MTST. No evento, Haddad acusou a elite brasileira de apoiar Bolsonaro para se contrapor à classe trabalhadora: “O significado da elite estar aliada a esse candidato (Bolsonaro) é que ela está disposta a tudo para vencer o povo e a classe trabalhadora”.

O petista afirmou que apoiaria, “talvez com dor no coração”, qualquer candidato que enfrentasse Bolsonaro num segundo turno.

“A nossa elite, ao contrário, está disposta a apoiar qualquer candidato para evitar a retomada de um projeto de desenvolvimento com inclusão social, que é que nós estávamos até o golpe (impeachment da presidente Dilma Rousseff) – afirmou o candidato, que tentou passar otimismo aos presentes ao dizer que, quando foi eleito prefeito de São Paulo, em 2012, também aparecia atrás nas pesquisas.

O presidenciável mandou ainda recado para Ciro Gomes e seu irmão Cid ao elogiar a sua vice, Manuela D’Ávila (PCdoB), e o candidato derrotado no primeiro turno Guilherme Boulos (PSOL), que estava presente, por terem se posicionado na disputa eleitoral. Comparou a atitude da dupla com o apoio dado por Leonel Brizola, figura histórica do PDT de Ciro Gomes, Mário Covas (PSDB) e Miguel Arraes (PSB) a Lula no segundo turno contra Fernando Collor, em 1989.

“Sem pedir nada em termos pessoais ou partidários, vocês colocaram os interesses nacionais e democráticos acima de qualquer outro interesse.”

Em evento de apoio a Haddad na noite de segunda-feira em Fortaleza, Cid cobrou um pedido de desculpas do PT pelas “besteiras que fizeram” e disse que o partido “criou” Bolsonaro. Reservadamente, os petistas reconhecem que a “frente democrática” dificilmente se consolidará. Jaques Wagner, responsável pela articulação política da candidatura, até negou que a campanha tenha esse objetivo , ao contrário do que vinha sendo propagada pelo presidenciável e seus aliados. “A gente quer ampliar com a sociedade. A gente conversa com todo mundo, mas não tem ideia de frente”, afirmou.

Também integrante da coordenação da campanha, o ex-ministro Gilberto Carvalho admitiu que ter Ciro como protagonista da campanha, como era o objetivo, já não é mais prioridade: “Eu confesso que a gente não está mais muito preocupado com isso, estou muito mais preocupado com as redes sociais, com os pobres. Evidentemente que seria ótimo que ele (Ciro) viesse para a coordenação, mas também não é fundamental mais. Agora, é vida que segue. O Brasil tem que fazer uma escolha e nosso forte são os pobres”.

 

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