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Filha de ex-espião russo envenenado na Inglaterra deixa o hospital

Yulia visitava o pai quando foram encontrados inconscientes em março. (Foto: Reprodução)

Yulia Skripal, a filha do ex-espião russo Serguei Skripal, recebeu alta, anunciou nesta terça-feira (10) o hospital em que ela estava internada. Ela e o pai foram hospitalizados após serem envenenados em Salisbury, no sul da Inglaterra, há mais de um mês. A diretora do Hospital do Distrito de Salisbury, Christine Blanshard, afirmou ainda que o ex-espião russo também vai se recuperar e receberá alta “em algum momento”.

Yulia, de 33 anos, visitava o pai Serguei, de 66, quando foram encontrados inconscientes em 4 de março em um banco em uma rua de Salisbury, após serem expostos a uma substância tóxica. O governo britânico atribuiu o envenenamento a Moscou.

Serguei Skripal foi coronel do serviço secreto militar russo, mas acabou condenado por alta traição por vender informações ao Reino Unido. Em 2010 foi envolvido em uma troca de espiões e se mudou para a Inglaterra.

O governo de Vladimir Putin nega com veemência qualquer envolvimento no atentado que, segundo as autoridades britânicas, foi executado com a substância Novichok, um agente nervoso produzido apenas em laboratórios militares russos.

Envenenamento e a crise diplomática

O incidente envolvendo Yulia e o pai desencadeou uma crise diplomática do Reino Unido com a Rússia, que depois se ampliou para outros países. O governo britânico considerou Moscou responsável pelo envenenamento e determinou a expulsão de 23 diplomatas russos – medida que foi seguida posteriormente pelos EUA e uma série de países europeus. A Rússia revidou e diplomatas americanos deixaram a embaixada dos Estados Unidos em Moscou.

A onda de expulsões cruzadas dos países ocidentais e da Rússia, que começou em 14 de março, já atinge 300 diplomatas. No dia 3, o chefe do laboratório militar britânico de Porton Down, Gary Aitkenhead, afirmou que não foi possível determinar que o agente neurotóxico usado no envenenamento proceda da Rússia. “Fomos capazes de identificar que se trata de Novichok, de identificar que foi um agente neurotóxico de tipo militar. Mas não identificamos sua origem exata”, afirmou em uma entrevista à Sky News.

Troca de espiões

O coronel Sergei Skripal era um oficial de inteligência aposentado do Exército russo que foi sentenciado a 13 anos de prisão pelo país em 2006. Ele foi condenado por revelar identidades de agentes da inteligência russa infiltrados na Europa para o Serviço Secreto de Inteligência Britânico, o MI6.

Em julho de 2010, Skripal foi um dos quatro prisioneiros libertados por Moscou em troca de 10 espiões russos presos pelo FBI. Depois de uma troca de prisioneiros no estilo da Guerra Fria, ocorrida no aeroporto de Viena, na Áustria, o coronel se mudou para a cidade britânica de Salisbury, onde viveu discretamente por oito anos.

De acordo com Mark Urban, o editor do programa Newsnight, nos últimos anos Skripal vinha dando palestras em academias militares britânicas, fornecendo insights sobre a inteligência russa. Sua filha o visitava com frequência. Sua esposa, seu irmão mais velho e seu filho morreram nos últimos dois anos – alguns em circunstâncias suspeitas, segundo familiares.

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