A Áustria foi a primeira a anunciar, mas, segundo o Financial Times, já são vários os governos europeus, entre os quais o da Espanha, que se preparam para afrouxar as medidas mais restritivas aplicadas nas últimas semanas para conter a pandemia do novo coronavírus. No entanto, salienta o jornal, muitas das determinações governamentais que levaram à paralisação de grande parte da atividade econômica por toda a Europa deverão continuar em vigor.
O chanceler austríaco Sebastian Kurz afirmou nesta segunda-feira (6) que o seu país seria o primeiro entre os europeus a avançar para a gradual diminuição das restrições. A expectativa, disse, é a de que haja alguma “ressurreição depois da Páscoa”. Na prática, isto significa que a partir de dia 14 alguns estabelecimentos do comércio considerado não-essencial poderá começar a reabrir portas, desde que respeite rigorosamente as medidas de higiene.
Prevendo já algum regresso à normalidade, com um maior número de pessoas a circular nas ruas, o governo austríaco impôs a obrigatoriedade do uso de máscara em locais públicos, sobretudo supermercados, uma medida que na próxima semana deverá alargar-se aos transportes públicos. No entanto, as restrições à circulação mantêm-se, com exceção das saídas para trabalhar, fazer compras, ajudar os mais necessitados, e praticar exercício físico.
À semelhança dos austríacos, também os alemães poderão ter que usar máscara nos locais públicos, incluindo fábricas e edifícios públicos, e não poderá haver grandes aglomerações de pessoas, revelou entretanto a Reuters, que teve acesso a um plano em fase de estudo. Esta medida será aplicada assim que houver máscaras em número suficiente.
O plano (Merkel deu a entender que há mais do que um) que permitirá o regresso gradual à normalidade está sendo analisado pelo Ministério do Interior alemão e prevê a aplicação de um sistema que permitirá localizar em 24 horas mais de 80% das pessoas que tiverem tido contato com alguém infectado, colocando-as de imediato em quarentena.
Com este sistema em vigor será possível reabrir as lojas, assim como as escolas, sempre respeitando as novas medidas de higiene e o distanciamento social. O documento do governo alemão baseia-se num cenário em que a pandemia irá prolongar-se até 2021, a menos que uma vacina surja.
O governo norueguês declarou que o surto da Covid-19 já está controlado no país e deverá, nesta terça-feira (7), avaliar as medidas de contenção introduzidas em meados de março. A taxa de contaminação na Noruega, ou seja, o número de pessoas infectadas por cada doente, caiu de 2,5 para 0,7.
De acordo com o Financial Times, França, Espanha e Finlândia também já têm gabinetes de peritos estudando a reabertura gradual da vida pública e das atividades econômicas, sempre com a preocupação de evitar uma segunda onda de infecções.
O primeiro-ministro espanhol Pedro Sánchez admite flexibilizar, depois da Páscoa, as restrições a algumas atividades não essenciais como a construção civil ou as fábricas, apesar de o estado de emergência ter sido prorrogado até 26 de abril.
A Itália, o país europeu mais duramente afetado pela pandemia, pondera igualmente entrar na “fase dois” do seu plano de contenção até meados de maio. Na França, o primeiro-ministro, Édouard Philippe, salientou a “assustadora complexidade” do fim do confinamento, reforçando a ideia de que ele terá sempre que ser gradual.