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Flávio Bolsonaro cede poder no PSL do Rio para evitar a queda do comando partidário

Senador nega prática de 'rachadinhas'. (Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil)

O senador Flávio Bolsonaro cedeu poder a deputados do PSL para evitar a sua destituição da presidência do partido no Rio de Janeiro. Sob ameaça de perda do comando partidário desde a revelação de movimentações financeiras suspeitas envolvendo ex-assessores na Assembleia Legislativa do Rio, isso quando era deputado, o filho do presidente da República convidou parlamentares para cargos de direção da sigla.

Alvo de críticas na bancada, Flávio transferiu a deputados estaduais recém-eleitos no Rio o direito de indicar os presidentes de diretórios municipais do PSL e demais ocupantes de direção partidária. Além de conter um motim na bancada, a costura, oficializada no dia 19 deste mês, visou impedir uma possível interferência de seu irmão e vereador Carlos Bolsonaro (PSC) na cúpula do PSL. Embora seja filiado ao PSC, Carlos já criticou publicamente a atuação do PSL na Assembleia Legislativa do Rio.

Nas eleições de 2018, o vereador também se opôs à filiação do hoje deputado estadual Rodrigo Amorim ao partido presidido pelo irmão. Amorim, que foi vice de Flávio na disputa pela prefeitura do Rio, teve a sua ficha abonada na véspera do prazo final para filiações.

Segundo integrantes do PSL, Carlos chegou a apoiar, de forma velada, o nome da deputada estadual Alana Passos para o lugar do irmão na presidência do partido. O nome de Alana foi apresentado a Jair Bolsonaro para a substituição de Flávio, segundo o jornal Folha de S.Paulo. Ao perceber a movimentação, Flávio informou ao partido a sua disposição de permanecer no cargo.

À frente da comissão provisória que preside o PSL do Rio, o senador teria que deixar a cadeira no dia 30 de junho. Agora, pretende ser eleito para a direção permanente do partido. Por isso, procurou os deputados.

Flávio ofereceu a Alana a secretaria-geral do partido no Estado. O deputado federal Carlos Jordy assumiu a primeira-secretaria do PSL, e o deputado estadual Anderson de Moraes ocupará a tesouraria-geral do PSL.

Com a articulação, Flávio tenta se livrar do fogo amigo. Pródigo em elogios públicos ao deputado federal Eduardo Bolsonaro (SP), Carlos, por exemplo, ainda não foi ao Twitter para defender Flávio das suspeitas de movimentação financeira atípica em seu gabinete.

O ex-assessor dele, Fabrício Queiroz, virou alvo de uma investigação criminal após o Coaf (Conselho de Controle das Atividades Financeiras) identificar a movimentação, na sua conta bancária, de R$ 1,2 milhão de janeiro de 2016 a janeiro de 2017.

Além do volume, chamou a atenção a forma das operações financeiras, com seguidos depósitos em dinheiro em espécie de altos valores e saques subsequentes. A entrada do dinheiro ocorria logo após as datas de pagamentos dos servidores da Assembleia, o que levantou a suspeita da prática da “rachadinha” – devolução de parte do salário do funcionário ao deputado.

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