O município gaúcho de Montenegro (a cerca de 60 km de Porto Alegre) virou notícia nesta sexta-feira (16) ao registrar o primeiro foco de gripe aviária do Brasil em uma granja comercial.
Em 2023, a cidade somava 534,8 mil galináceos, categoria que inclui desde frangos de corte até galinhas poedeiras, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Isso equivale a cerca de 8,3 animais para cada habitante local. A população do município foi de 64,3 mil pessoas no Censo Demográfico 2022, também produzido pelo IBGE.
Montenegro, contudo, não figura entre os maiores rebanhos de galináceos do Rio Grande do Sul. Em 2023, os maiores plantéis gaúchos foram encontrados em Marau (5,6 milhões), Nova Bréscia (5,4 milhões) e Westfália (4,2 milhões).
Montenegro ficou na 102ª posição do ranking – o Estado tem 497 municípios. A título de comparação, em Marau, a relação era de 125 animais para cada habitante.
A cidade que teve o foco de gripe aviária está localizada no Vale do Caí, uma das regiões mais afetadas pelas enchentes que devastaram parte do Rio Grande do Sul há um ano. Montenegro registrou uma morte na tragédia, de acordo com balanço da Defesa Civil. No ranking do Índice Firjan de Desenvolvimento Municipal (IFDM), a cidade teve o 10º melhor desempenho do Estado em 2023.
Divulgado neste mês, o estudo avalia o desenvolvimento socioeconômico dos municípios brasileiros, considerando variáveis de três áreas (emprego e renda, saúde e educação).
Em uma escala de 0 a 1, Montenegro teve índice de 0,8366, o que é considerado alto pela Firjan (Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro). O município ficou na 87ª posição do ranking nacional do mesmo estudo.
A partir deste sábado (17), a cidade terá barreiras de desinfecção conter o avanço do vírus H5N1, de alta patogenicidade, e evitar que ele se espalhe para outras propriedades rurais.
Essa doença circula no mundo desde 2006, mas só chegou ao Brasil em 2023. Até essa quinta, a gripe aviária só havia atingido aves silvestres. Depois de circular por mais de 20 anos no mundo, a gripe aviária H5N1 teve o 1º caso registrado no Brasil no dia 15 de maio.
Serão seis barreiras fixas, funcionando 24 horas por dia, além de uma barreira de desvio, com atuação prevista por pelo menos uma semana. Os alvos principais são veículos de carga animal, transporte de leite e ração, que circulam entre propriedades localizadas num raio de 10 km da granja afetada. Carros de passeio não estão no escopo da operação.
A decisão faz parte do plano de contenção sanitária, coordenado pela Secretaria de Agricultura do Estado, com apoio do Ministério da Agricultura e da Defesa Agropecuária. Técnicos estão investigando como o vírus chegou à granja, que abrigava cerca de 17 mil aves. Em um dos galpões, todas morreram; no outro, 80% já estavam mortos até quinta-feira. As aves restantes foram sacrificadas, e o material contaminado, destruído.
Além da granja em Montenegro, o governo estadual monitora uma suspeita de contaminação no Zoológico de Sapucaia do Sul, após a morte de cerca de 90 aves aquáticas. O local foi fechado ao público, assim como a feira agropecuária Fenasul, que suspendeu a visitação para proteger os animais expostos. Com informações do jornal Folha de S.Paulo.