O estilo formal, calculado, avesso a indisposições e polêmicas sempre marcou a personalidade do vice-presidente Michel Temer (PMDB). No passado, tais características foram alvo de críticas, às vezes jocosas. Antonio Carlos Magalhães, para fustigá-lo, o comparava à figura de um “mordomo de velório”.
Atualmente, os aliados dizem que é exatamente esse comportamento que credencia o peemedebista como opção à presidenta Dilma Rousseff (PT).
“Ele se diferencia dela em tudo o que passou a incomodar as pessoas. Ouve mais do que fala, não é dado a rompantes e incorpora a formalidade. Ser o avesso da Dilma se tornou um ativo”, avaliou um colaborador.
O vice-presidente, porém, não flerta publicamente com a tese do afastamento precoce da petista e, mesmo em privado, trata do assunto com cautela. Neste momento, avaliam aliados, ele se posiciona para ser reconhecido como o fiel da governabilidade.
Pessoas próximas ao peemedebista afirmam que ele “não vai para a briga” nem vai “trabalhar para aumentar a instabilidade”.
Recentemente, desautorizou cobranças públicas do amigo e ex-ministro Geddel Vieira Lima (PMDB) para abandonar a articulação política do governo, gesto que fragilizaria as já debilitadas relações com o Congresso.
Mesmo integrantes da oposição dizem que o vice de fato tem se empenhado para impedir derrotas e conter ânimos no Congresso. Sua missão maior é aprovar os pontos centrais do ajuste fiscal proposto pelo ministro Joaquim Levy (Fazenda).
A empreitada os aproximou. Levy despacha mais com Temer do que com a presidenta Dilma. (Folhapress)