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Fotógrafos registram momento raro que vive o turismo, com mais aviões nas pistas do que no céu

Anac aponta 'complexidade' da situação e diz que dialoga com empresas. (Foto: Reprodução)

Um estranho contraste é visto em aeroportos em todo o mundo. Enquanto pouquíssimos passageiros caminham em salões quase desertos, aviões se acumulam em pátios e pistas, numa sensação de engarrafamento insolúvel. Cenas que vão entrar para a História e ajudam a entender o impacto que a crise tem causado no setor turístico como um todo e, em particular, no da aviação civil.

Nas lentes de fotógrafos que acompanham metrópoles de todos os continentes, os registros trazem certa beleza e nostalgia, levantando a questão: quando isso vai passar? É uma pergunta que o presidente da Associação Brasileira de Empresas Aéreas (Abear), Eduardo Sanovicz, não se atreve a responder.

“A aviação como conhecemos, que começou após a Segunda Guerra, nunca passou por algo assim. Só conseguiremos começar a ter uma ideia do futuro daqui a 60 a 90 dias.”

Dados atuais

Os dados atualizados da Associação Internacional do Transporte Aéreo (IATA) e da consultoria CIRIUM, mostram que as quantidade de aviões parados e voos cancelados ainda não chegaram ao topo da curva, enquanto o setor combate a pandemia do novo coronavírus.

Segundo a consultoria de inteligência para aviação CIRIUM, a espera por evidências de que o número de aviões armazenados está atingindo seu pico parece continuar ao menos por mais alguns dias. Segundo dados da empresa de pesquisas, hoje já são 15.200 jatos de passageiros parados em todo o mundo.

O critério da consultoria considera aeronaves paradas por, pelo menos, sete dias consecutivos. O total verificado na data de hoje representa 58% da frota mundial parada devido à pandemia do novo coronavírus. Pelos cálculos, estão ativos ao redor do mundo outros 11.100 jatos.

A consultoria salienta que continua a observar uma redução drástica na utilização das aeronaves maiores. Atualmente, existem apenas 23 aeronaves 747 de passageiros em serviço de uma frota total de 184, enquanto classifica apenas 12 da frota total de 239 aeronaves A380 ativos.

Em outra análise, a empresa usa suas 600 fontes de dados de voos, para criar o gráfico abaixo, que mostra a proporção da frota de cada companhia aérea (tipos Airbus e Boeing) que voou pelo menos uma vez nos últimos sete dias (até domingo, 5 de abril). Muito interessante observar algumas empresas com mais aviões em voo, enquanto outras estão totalmente no chão.

Essa análise mostra que transportadoras chinesas como Shenzhen Airlines e Xiamen Airlines voaram quase todas as suas aeronaves pelo menos uma vez nos sete dias anteriores, enquanto, por outro lado, a EasyJet, da Europa e a IndiGo, da Índia operaram praticamente zero voos regulares.

Em outra análise, dessa vez fornecida pela IATA, é possível verificar a quantidade de voos cancelados, bem como a quantidade de de voos em operação, quando comparado com o mesmo período do ano passado.

Por ela, é possível ver que a quantidade de voos previstos até o final do segundo trimestre de 2020 (Q2) é 65% inferior ao mesmo período do ano passado, enquanto que no Q3, a quantidade de voos agendados pelas empresas aéreas está 40% menor do que o mesmo período de 2019. No total, são incríveis 2 milhões de voos cancelados em todo o mundo.

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