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Futura relação da Igreja Católica com a comunidade LGBTQIA+ ainda é motivo de dúvida

Papa Leão XIV já adotou discurso conservador e citou "práticas contrárias ao evangelho". (Foto: Reprodução)

Entre os desafios do novo Pontífice que envolvem manter e levar adiante o legado do Papa Francisco, está a relação da Igreja com a comunidade LGBTQIAPN+. Embora tenha sinalizado nas suas primeiras palavras como Papa que não deverá reverter avanços do antecessor, Leão XIV adotava uma postura mais conservadora em relação ao tema.

“Ainda conservamos em nossos ouvidos aquela voz corajosa do Papa Francisco que abençoava Roma e dava sua bênção ao mundo inteiro naquela manhã do dia de Páscoa (na véspera da morte do argentino). Permitam-me a dar sequência, aquela mesma bênção: Deus ama a todos. O mal não prevalecerá. Estamos todos na mão de Deus, portanto, sem medo, unidos, mão a mão com Deus entre nós, sigamos adiante”, disse à multidão de fiéis na Praça de São Pedro.

Resta saber se a atitude será de continuidade em relação a esse e outros temas tratados com cautela pela Igreja antes de seu antecessor. Enquanto Francisco não se dizia apto a julgar a presença de homossexuais na Igreja e autorizou que os padres abençoem casais de pessoas do mesmo sexo, Leão XIV, quando ainda era bispo em Chicayo, foi contra um plano do governo local para ensinar questões de gênero nas escolas, afirmando que “a promoção da ideologia de gênero é confusa, porque busca criar gêneros que não existem”.

Em 2012, quando estava em Roma, o novo Papa disse que a imprensa ocidental e a cultura fomentam “simpatias por crenças e práticas contrárias ao evangelho”. Ainda citou o “estilo de vida homossexual” e “famílias alternativas compostas por parceiros do mesmo sexo e suas crianças adotadas” como exemplos negativos.

Acusado de inação

Em outro tema delicado, as acusações de abusos cometidos por sacerdotes, Robert Prevost foi acusado de inação em dois casos. No primeiro, em julho de 2000, nos EUA, autorizou que um padre acusado de abuso sexual de menores morasse em prédio da Ordem dos Agostinianos perto de uma escola primária, apesar de alertas do clero. O caso foi revelado pelo jornal Chicago Sun Times em 2021. Ele nunca comentou o episódio.

Anos depois, três irmãs o acusaram de não investigar denúncias de abusos cometidos por dois sacerdotes em Chiclayo, no Peru, entre 2007 e 2015, e alegaram que ele não impediu que um acusado celebrasse missas. Em 2022, Prevost prometeu abrir investigação, mas nenhum resultado foi apresentado. Segundo apoiadores dele, as denúncias faziam parte de movimento ultraconservador, dissolvido por ordem de Francisco.

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