À espera de assumir o Ministério do Turismo, o deputado Celso Sabino (União-PA) teria recebido sinalizações de alas do governo que poderá tomar o controle da pasta com “porteira fechada”, ou seja, prerrogativa e autonomia para fazer trocas em cargos estratégicos, incluindo a presidência da Embratur, Agência Brasileira de Promoção Internacional do Turismo. Essa possibilidade é rechaçada nos bastidores, no entanto, pela Secretaria de Relações Institucionais (SRI) do governo, que é responsável pela articulação política na Esplanada.
A divergência é foco de atenção porque o atual presidente da Embratur é Marcelo Freixo (PT-RJ), aliado de primeira hora do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Freixo filiou-se ao PT justamente depois de ser designado para o cargo. Antes disso, ele teve passagens por PSB e Psol.
Nos bastidores, aliados de Freixo demonstram tranquilidade sobre a permanência dele no posto e dizem que não houve nenhum aceno do Palácio do Planalto de que haverá mudanças.
Sabino, por outro lado, tem conversado com interlocutores sobre o assunto porque passou a fazer, nas últimas semanas, uma aproximação com integrantes do Turismo. Ele já está recebendo dados e informações sensíveis do ministério para que já possa planejar ações e mudanças na sua chegada ao cargo.
O movimento acontece de maneira sutil para não ofender a atual titular do cargo, a ministra Daniela Carneiro, que está em viagem pela Europa, mas deve deixar o posto em alguns dias.
Futuras ações
Segundo fontes inteiradas da situação, o deputado já considera, por exemplo, fazer um remanejamento nas ações e prioridades do ministério por conta do seu baixo orçamento. Outro assunto que está sendo monitorado de perto por Sabino é a realização da Conferência do Clima (COP) 30, em 2025, que acontecerá em Belém.
Há alguns dias, o deputado chegou a integrar a comitiva de Lula para o Pará, quando o presidente da República fez o anúncio oficial de que a COP-30 acontecerá na capital paraense. Diante da situação delicada, no entanto, Lula fez chegar a Sabino um pedido para que ele fosse “discreto” e não se comportasse como ministro no evento. A ideia era justamente não melindrar Daniela Carneiro e seu marido, o prefeito de Belford Roxo, Waguinho (Republicanos-RJ).
Em meio ao impasse, o ministro da SRI, Alexandre Padilha, voltou a fazer reuniões separadas com alguns dos principais ministros da Esplanada. O objetivo é conseguir uma “prestação de contas” para saber se as nomeações de aliados do governo e o empenho de emendas está realmente começando a andar.
Reuniões
Somente nesta semana, Padilha teve reuniões fechadas, por exemplo, com os titulares dos ministérios da Previdência Social, Trabalho e Emprego, Ciência e Tecnologia, além de Desenvolvimento Agrário.
Esse acompanhamento próximo foi uma determinação do presidente Lula, que estaria insatisfeito com a resistência e demora das pastas em acolher indicações de partidos distintos.
