Ícone do site Jornal O Sul

Ganho de presidente da Câmara dos Deputados é mais raro que loteria, diz Procuradoria

Cunha é acusado de corrupção e lavagem de dinheiro e é suspeito de ocultar contas na Suíça (Foto: Pedro Ladeira/Folhapress)

O presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), foi mais sortudo do que um ganhador da Mega-Sena ao lucrar 917 mil reais com papéis no mercado de capitais, apontou a PGR (Procuradoria Geral da República) em documento protocolado no STF (Supremo Tribunal Federal).

Ao mesmo tempo em que lucrava, os negócios geraram perdas a um fundo de pensão de servidores públicos do Rio. As transações suspeitas ocorreram entre abril de 2004 e fevereiro de 2005 e foram alvo de uma investigação da CVM (Comissão de Valores Mobiliários), vinculada ao Ministério da Fazenda, espécie de “xerife” do mercado.

Em setembro, a CVM concluiu que Cunha obteve “lucros indevidos” com papéis emitidos por fundos de investimento movimentados pela Prece, o fundo de pensão dos funcionários da Cedae, companhia de água do Rio. A Prece operava na época em sete fundos de investimento por meio de diversas corretoras, entre as quais a Laeta, que tinha Cunha como um dos clientes, e o corretor Lúcio Bolonha Funaro.

No curso de um inquérito que tramita no STF sobre Cunha, derivado da Operação Lava-Jato, a PGR teve acesso ao inquérito que investigou os lucros de Cunha.  Segundo a PGR, a apuração da CVM constatou que as taxas de sucesso de Cunha nas operações foram de 100% no mercado de dólares e de 98% em outro papel. Cunha teria atuado em 23 pregões.

A CVM apontou “indissociável indício de ocorrência de irregularidades” nas operações e a PGR afirmou que a taxa de sucesso do deputado e de Funaro “somente se tornava viável mediante a manipulação na distribuição dos negócios fechados, pela fraude verificada, com a conivência dos ‘perdedores’, ou seja, os fundos da Prece”.

A Procuradoria fez as contas e apontou: “Para se ter uma ideia, a probabilidade de se obter uma taxa de sucesso de 98% ocorre em uma vez para cada 257 septilhões. Sabendo-se que a chance de ganhar a Mega-Sena quando se faz a aposta mínima é de 1 em 50 milhões, verifica-se que a chance de uma taxa de sucesso de 98% é praticamente nula e decorre claramente de uma fraude”. Ao todo, as perdas da Prece somaram, entre 2003 e 2005, 56 milhões de reais em valores da época não atualizados. (Folhapress)

Sair da versão mobile