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Gays cubanos sonham sair do armário agora que Fidel Castro está morto

Editoria de Arte/O Sul

Uma das principais propagandas do regime socialista em Cuba é que o governo garante acesso universal à educação para todos. Mas alguns dizem que a verdade não é bem essa: associações dos direitos LGBTI (lésbicas, gays, bissexuais, transgêneros e intersexuais) afirmam que transexuais não são aceitos ou acabam expulsos das universidades. Esse é só um exemplo do problema da falta de liberdade sexual na ilha. Outros, contudo, veem uma chance de ouro para conquistar direitos após a morte de Fidel Castro: sonham, inclusive, com a legalização do casamento gay já em 2017.

“Conversamos com turistas gays de outros países que reclamam de preconceito, porém sempre digo que aqui é muito pior, o que vivemos é repressão”, conta um professor de 34 anos. “Somos obrigados a nos esconder. Dizem que uma das poucas coisas mantidas pela revolução do governo de [Fulgencio] Batista [a ditadura antes da revolução socialista de 1959] foi o machismo.”

A chegada de Raúl Castro ao poder animou a comunidade LGBTI. Sua filha, Mariela, é uma das principais defensoras da liberdade sexual na ilha e, como sexóloga, dirige o Centro Nacional de Educação Sexual de Cuba.  A realidade, no entanto, vai por outro caminho. Ativistas afirmam que Mariela Castro acaba monopolizando o debate sobre direitos dos gays, impedindo outras organizações sociais de contribuírem e dando uma falsa imagem de avanços. Outros dizem que ela foca muito em alguns pontos que não são, necessariamente, os principais.

“O discurso pode ter mudado, mas vemos muitos problemas. A bandeira do casamento gay é importante, mas temos outros temas, como permitir que transexuais concluam a universidade; acabar com a repressão policial em locais de encontros de homossexuais, que ainda vão para a prisão apenas pela orientação sexual; acabar com o preconceito para o emprego de gays; permitir pessoas LGBTI nas Forças Armadas; e até permitir a visita íntima homossexual para os presos”, afirma Nelson Gandulla Díaz, diretor da Fundação Cubana Pelos Direitos LGBTI. (AG)

(AG)

 

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