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Genro do presidente dos Estados Unidos admite quatro reuniões com russos, mas nega complô

Presidente Donald Trump e Jared Kushner. (Foto: Reuters)

Jared Kushner, genro do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e assessor sênior da Casa Branca, revelou nesta segunda-feira (24) detalhes de contatos que teve com autoridades e empresários russos no período de dois anos desde que Trump lançou sua campanha à presidência dos EUA, em meados de 2015, incluindo um encontro nunca antes revelado com o embaixador russo Sergei Kislyak, em abril de 2016.

Kushner conheceu o embaixador durante um evento no Mayflower Hotel, em Washington, pouco tempo antes de Trump se tornar o candidato efetivo do Partido Republicano. Na ocasião, Kushner disse ter sido apresentado a Kislyak e a três outros embaixadores por Dimitri Simes, editor de uma revista sobre política externa que patrocinou o evento. Anteriormente, uma porta-voz de Kushner havia negado que ele e Kislyak tivessem se encontrado no evento.

“Os embaixadores demonstraram interesse em criar um relacionamento positivo no caso de ganharmos a eleição”, disse Kushner em comunicado divulgado nesta segunda-feira. “Cada conversa durou menos de um minuto. Alguns deles me passaram cartões pessoais e me convidaram para almoçar em suas embaixadas. Eu nunca aceitei nenhum desses convites e as interações se limitaram a isso.”

Trump, que discursou sobre política externa durante o evento, também cumprimentou Kislyak e três outros embaixadores estrangeiros que participaram de uma recepção VIP ocorrida antes do evento, segundo matéria publicada pelo The Wall Street Journal em maio de 2016.

O relato de Kushner não faz menção da presença de Trump na recepção. O procurador-geral Jeff Sessions também participou do evento e afirmou, durante testemunho a uma comissão do Senado no mês passado, que não recordava se havia se encontrado com Kislyak na ocasião.

O encontro com Kislyak foi revelado por Kushner em um comunicado de 11 páginas preparado para comitês do Congresso que investigam denúncias de interferência da Rússia durante a campanha presidencial do ano passado. Kusher deve depor no Comitê de Inteligência do Senado, em sessão privada.

No documento, Kushner alega não ter tido quaisquer “contatos inapropriados”. “Não conspirei e não sei de ninguém da campanha que tenha conspirado com qualquer governo estrangeiro.” Nos últimos meses, o governo Trump tem sistematicamente negado acusações de que a Rússia teria interferido na eleição presidencial de 2016 para garantir a vitória do republicano contra sua adversária democrata, a ex-secretária de Estado Hillary Clinton.

Kushner enfrentará nesta semana dois dias de interrogatórios a portas fechadas pelo Congresso norte-americano para determinar se a campanha de Trump recorreu à ajuda da Rússia para conquistar a Casa Branca na eleição do ano passado. Espera-se que ele responda a perguntas sobre seus contatos com cidadãos e autoridades russas quando testemunhar ao Comitê de Inteligência do Senado e ao Comitê de Inteligência da Câmara dos Deputados. (AE)

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