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“Governo ainda tem que mostrar serviço contra corrupção”, diz o ex-ministro Sérgio Moro

O ex-juiz da Lava-Jato disse ter sido usado no início da atual gestão como atestado de compromisso com a pauta, mas que o governo ainda precisa "mostrar serviço". (Foto: Pedro França/Agência Senado)

O ex-ministro da Justiça e Segurança Pública Sérgio Moro ironizou nesta quarta-feira (1º) o governo do presidente Jair Bolsonaro, no que diz respeito ao combate à corrupção. O ex-juiz da Lava-Jato disse ter sido usado no início da atual gestão como atestado de compromisso com a pauta, mas que o governo ainda precisa “mostrar serviço”.

“Espero que minha saída funcione como estímulo ao planalto para avançar nessa pauta porque vai ter que mostrar serviço. Não é só falar ‘sou contra a corrupção, Moro está aqui’, tem que mostrar trabalho”, afirmou o ex-ministro da Justiça, que participou de uma live promovida pelo Instituto Não Aceito Corrupção.

Sérgio Moro pediu demissão do governo em 24 de abril, quando acusou o presidente Jair Bolsonaro de ter a intenção de interferir politicamente na PF (Polícia Federal). Na manhã daquele mesmo dia, Bolsonaro havia exonerado o diretor-geral da PF, Maurício Valeixo. O tema está sendo analisado em um inquérito aberto no STF (Supremo Tribunal Federal).

Moro disse que práticas erradas cometidas repetidamente acabam normalizando um crime, como no caso do caixa 2, e que quando chegou ao governo acreditava em grandes reformas eleitorais para coibir esses e outros delitos no atual mandato, mas isso não se confirmou.

Afirmou ainda que a aprovação parcial do projeto anticrime trouxe avanços, mas não todos que considerava desejáveis para diminuir as infrações. Para ele, faltou apoio de boa parte do Congresso e do próprio governo federal.

Na entrevista, o ex-ministro colocou o tema que considera ser um dos mais importantes a serem debatidos pelo Congresso, que são as propostas que restabelecem a prisão após condenação em segunda instância no Brasil. Ele classificou como “péssima” a mudança de entendimento do STF, que definiu que o cumprimento da pena deva ocorrer apenas ao final do processo.

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