A venda de medicamentos sem receita médica em supermercados voltou ao centro do debate nacional. O presidente em exercício, Geraldo Alckmin, afirmou que o tema deve ser amplamente discutido, já que envolve riscos à saúde da população. A medida está sendo analisada pelo governo Lula, que promete cautela ao lidar com os impactos dessa possível mudança.
A ideia foi proposta pelo deputado federal Glaustin da Fokus (PSC-GO) e defende que o acesso a remédios simples deve ser facilitado. No entanto, especialistas alertam: essa conveniência pode custar caro à saúde pública.
Entidades como a Abrafarma (Associação Brasileira de Redes de Farmácias e Drogarias) são contra a proposta e denunciam os perigos da automedicação. Sem a presença de um farmacêutico, o consumidor pode errar na escolha, na dosagem e até na combinação dos medicamentos.
Entre os riscos apontados estão:
– Uso incorreto e abusivo de medicamentos;
– Agravamento de quadros clínicos;
– Aumento da resistência bacteriana;
– Interações perigosas entre substâncias.
Sem orientação profissional, o consumidor pode transformar um simples analgésico em um verdadeiro problema de saúde.
Além dos riscos à saúde, o projeto pode atingir em cheio a economia local. O Brasil conta com mais de 90 mil farmácias, muitas delas pequenos negócios que sustentam famílias e movimentam bairros inteiros.
A entrada dos supermercados nesse mercado bilionário pode criar uma concorrência desleal e provocar o fechamento em massa de drogarias independentes, afetando não só empregos, mas também o acesso a orientação farmacêutica qualificada.
A venda de remédios sem receita em supermercados já ocorreu no Brasil entre 1994 e 1995, mas foi revogada após denúncias de uso inadequado e falta de controle.
Desde então, medicamentos são vendidos exclusivamente em farmácias e drogarias, sob responsabilidade técnica de um farmacêutico. A legislação atual visa proteger o consumidor e evitar danos causados pelo uso incorreto de medicamentos de venda livre.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva determinou que a proposta seja debatida com cautela. A decisão será tomada com base em estudos técnicos e audiências com entidades da saúde, do varejo e da indústria farmacêutica.
O objetivo é conciliar o acesso facilitado com a segurança sanitária, garantindo que qualquer mudança não coloque em risco a saúde dos brasileiros. As informações são do jornal Estado de Minas.