O governo decidiu buscar um novo nome para assumir a diretoria-geral da PF (Polícia Federal) em até 30 dias. O atual diretor, Leandro Daiello, no cargo desde 2011, perdeu de vez a confiança do Planalto depois do episódio da gravação de um telefonema, com autorização do juiz Sérgio Moro, entre o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a presidenta Dilma Rousseff.
Investigadores da Operação Lava-Jato viram no diálogo captado uma tentativa da presidenta de evitar a prisão de seu antecessor por Moro. A missão do novo ministro da Justiça, Eugênio Aragão, é encontrar nas próximas semanas um nome para apresentar a Dilma. O ministro vai indicar o substituto, mas cabe à chefe do Executivo nomear de fato o comandante da PF.
Pela legislação aprovada em 2014, o diretor-geral da PF deve ser do quadro de delegados da instituição no mais alto nível da carreira, chamado de “classe especial”. A tarefa de Aragão é identificar, entre esses delegados, alguém capaz de aceitar a missão em meio ao desgaste político que uma troca do tipo vai causar em um dos momentos mais cruciais da Lava-Jato, que tem Lula entre seus investigados.
O prazo de um mês com que o ministro trabalha serviria para a pasta encontrar alguém para comandar a polícia e, ao mesmo tempo, daria a Daiello um período de transição para outro setor da instituição. Assim como o próprio Lula, setores do PT e do governo têm criticado o comportamento da polícia nas investigações, sobretudo em relação a vazamentos.
O governo sabe das críticas que sofrerá se confirmar a mudança de comando na polícia, mas avalia que é fundamental ter alguém de confiança no seu controle, diante do risco cada vez mais elevado de aprovação do impeachment de Dilma pelo Congresso.
Aragão causou polêmica ao afirmar que trocaria toda equipe da PF em caso de vazamentos de informações. O ministro disse também que Daiello não estava garantido no comando da PF e indicou o perfil que busca dentro da polícia: “Quero evidentemente na PF pessoas que tenham alguma liderança interna. Essas instituições que têm competências autárquicas, e são independentes na sua atuação, precisam ser dirigidas por lideranças”. (Folhapress)
