O ministério da Fazenda confirmou nesta quarta-feira (19) que o governo está preparando o anúncio das primeiras medidas do chamado “pacote de crédito”, tendo como um dos focos a redução de juros para bons pagadores e aliviar o custo de crédito para famílias que usam com frequência a modalidade do rotativo, por exemplo.
O secretário de Reformas Econômicas, Marcos Pinto, está finalizando as propostas, segundo a pasta. Ainda não há confirmação da data para anúncio oficial. Internamente, há expectativas para que as primeiras medidas sejam divulgadas esta semana.
“Vamos começar a anunciar [as medidas de crédito]”, disse o ministro Fernando Haddad, em rápida conversa com jornalistas no prédio da Fazenda. Ainda não há data fechada.
Fernando Haddad também afirmou nesta quarta-feira que o Desenrola, aposta do governo para reduzir o endividamento das famílias, encontra entraves “operacionais”. Uma das bandeiras da campanha presidencial, o programa vai tratar da renegociação de dívidas por pessoas físicas, com foco em quem recebe até R$ 5 mil.
Haddad argumenta que a principal barreira atualmente é finalizar a plataforma que está sendo desenvolvida, e que vai intermediar as negociações entre credores e devedores.
Para isso, o governo precisa do apoio dos chamados “birôs de crédito”, como Serasa e SPC, que concentram os dados dos CPFs negativados no setor privado.
“O nosso problema é operacional, é o software para gerenciar o programa. Não é dívida nossa [dívidas de pessoas com serviços públicos], é do setor privado [dívidas de consumidores]”, diz Haddad.
Anteriormente, o ministro já havia mencionado que o objetivo do governo é garantir o maior “desconto possível” ao devedor na hora de renegociar as dívidas. Os detalhes do programa ainda serão anunciados pela Fazenda, após a finalização. O desenho do Desenrola, contudo, já teve o aval do presidente Lula, segundo a pasta.
Causas dos juros
Em outra frente, os bancos entregarão um cronograma de estudos ao governo e ao Banco Central (BC) sobre as causas dos juros altos no rotativo do cartão de crédito, disse na segunda-feira (17) o ministro Fernando Haddad. Ele reuniu-se com representantes de instituições financeiras para discutir uma solução para as taxas dessa modalidade, que estão em 417,4% ao ano, segundo o BC.
Segundo Haddad, o primeiro encontro, que durou cerca de uma hora, serviu apenas para traçar um diagnóstico do setor. O ministro prometeu apresentar um estudo em breve e o envolvimento do BC nas discussões.
“Estávamos com quatro ou cinco CEOs [presidentes-executivos] de bancos aqui, não só a Febraban [Federação Brasileira de Bancos]. Vamos envolver o Banco Central nas discussões. Eles vão entregar um cronograma de apresentação de um estudo [para os juros do rotativo]. Eu pedi celeridade, eles pediram para envolver o BC porque tem a regulamentação do produto”, afirmou Haddad após a reunião no Ministério da Fazenda. As informações são do jornal O Globo e da Agência Brasil.