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Governo não deve interferir na Justiça, diz juiz Sergio Moro após gravações de Jucá

O juiz federal Sergio Moro, responsável pelos processos da Lava-Jato na primeira instância. (Foto; Dida Sampaio/AE)

O juiz Sergio Moro não quis comentar a gravação revelada nessa segunda-feira (23) em que o ministro Romero Jucá sugere um pacto para deter o avanço da Operação Lava-Jato.

“Não tenho comentário específico sobre essa situação porque não estou totalmente a par”, disse Moro. Ele também defendeu que assuntos pertinentes à Justiça não devem ter interferência do governo e vice-versa. “Não deve haver nenhuma interferência do governo. Os trabalhos devem ser independentes”, disse.

O ministro do STF (Supremo tribunal Federal) Luis Roberto Barroso, negou que Jucá tenha influência sobre os ministros do tribunal, como sugeriu o político na gravação, mas afirmou que recebe todos para audiências.

“É impensável que alguém tenha essa capacidade de paralisar as investigações. E que qualquer pessoa pode ter acesso a ministro do Supremo para parar as investigações. O ministro que chega ao Supremo só responde a sua biografia e a mais ninguém”, disse Barroso.

Questionado sobre a Lava-Jato perder fôlego, Moro afirmou que “a Lava-Jato não é um seriado, existe um trabalho de investigação feito entre quatro paredes”, e que a operação continua normalmente.

Perguntado se ele acredita que um governo com sete envolvidos na Lava-Jato fará algo para combater a corrupção, Moro disse que a postura possível de ser tomada, que cabe no enfrentamento desse caso de corrupção, é a aprovação de medidas de combate a corrupção defendidas pela força-tarefa de Curitiba.

Moro afirmou ainda que “é difícil dimensionar a corrupção, mas que quando os casos são revelados e a Justiça não dá uma resposta, é um incentivo para esse comportamento”.

Também destacou a importância da iniciativa privada, afirmando que ela deve se negar a entrar no esquema de propinas. “A Justiça não é o único remédio para vencer a corrupção. Tem que haver uma ação conjunta com associações públicas e privadas.”

Ele finalizou sua fala enfatizando que “os trabalhos da Justiça continuam e que a expectativa é que a sociedade aproveite a oportunidade do momento para incorporar o combate a corrupção de uma maneira mais duradoura”.

Segurança

O juiz Moro não quis revelar se já foi alvo de ameacas e também se negou a dizer quantos seguranças o acompanham. “A regra de ouro é não falar sobre a segurança”, disse.

Em uma palestra em São Paulo há cerca de dois meses, o juiz estava acompanhado por mais de dez seguranças e o público não foi autorizado a gravar a sua fala. (Folhapress)

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