Em uma operação conjunta da base do governo Michel Temer, três dos maiores partidos da Câmara dos Deputados vão tentar aprovar uma medida que pode obrigar seus deputados a votarem contra a denúncia apresentada contra o presidente.
PMDB, PP e PR marcaram reuniões para esta quarta-feira (12) para definir o chamado fechamento de questão a favor de Temer, que determina que todos os deputados devem acompanhar a orientação do partido na votação. Quem se posicionar contra sua legenda pode, em tese, sofrer punições que chegam à expulsão do partido.
Juntas, essas três legendas têm 148 deputados. Temer precisa do apoio de 172 parlamentares no plenário para que a denúncia seja rejeitada, evitando a abertura de um processo contra o presidente no STF (Supremo Tribunal Federal).
Essa operação foi coordenada pelos líderes da base governista, que buscam garantias de que Temer terá uma maioria robusta a seu favor no plenário no dia da votação da denúncia.
A medida também ajudaria o governo a garantir quorum para a votação –uma vez que existe a possibilidade de o tema ser levado ao plenário na sexta-feira (14) ou na segunda-feira (17), dias tradicionalmente esvaziados na Câmara.
Apesar do movimento em bloco, os partidos podem enfrentar dificuldades para aprovar o fechamento de questão a favor de Temer, uma vez que algumas dessas bancadas estão rachadas.
O PR, por exemplo, teve que trocar quatro de seus integrantes na CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) que tenderiam a votar contra Temer. O fechamento de questão pode aprofundar esse racha no partido.
Troca-troca
A oposição a Temer na Câmara informou que entraria nesta terça-feira (11) com um mandado de segurança no STF para tentar anular o troca-troca de membros da CCJ. As mudanças foram promovidas pelos partidos da base para barrar a denúncia contra o presidente por corrupção passiva.
Levantamento do jornal Folha de S.Paulo indica que a base governista remanejou na última semana 20 dos membros do colegiado, que tem 66 titulares e 66 suplentes.
Pelos cálculos da oposição, antes das trocas, o governo perderia por 32 a 30. Agora, depois de todas as mudanças, os adversários do governo dizem que Temer consegue vencer por 38 a 28.
Parecer
Nesta terça-feira pela manhã, nove deputados do PMDB, incluindo o líder do partido, apresentaram um parecer alternativo ao do deputado Sergio Zveiter (PMDB-RJ), recomendando que a Câmara não autorize o prosseguimento, no STF, da denúncia contra o presidente da República.
O presidente da CCJ, deputado Rodrigo Pacheco (PMDB-MG), disse que espera ser possível votar a denúncia contra o presidente da República, Michel Temer, até a sexta-feira, mas ele negou que o governo tenha pedido pressa à comissão.
“Esse é o nosso desejo na comissão, de termos finalizado esse trabalho, e sexta-feira poder submetê-lo ao Plenário. Nem a base do governo, nem o presidente Rodrigo Maia me pediram para acelerar o processo”, disse. Em entrevista coletiva feita nesta terça-feira (11), o presidente da Casa, Rodrigo Maia (DEM-RJ), defendeu que a Câmara tome uma decisão o mais rápido possível sobre a denúncia contra Temer. (Folhapress e Agência Câmara)