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Governo remaneja recursos para quitar pedaladas fiscais com o FGTS e o BNDES

(Foto: Divulgação)

No apagar das luzes de 2015, o governo federal fez uma engenharia financeira para quitar quase a metade das chamadas pedaladas fiscais, condenadas pelo TCU (Tribunal de Contas da União). Foram editadas nesta quinta-feira (24) uma MP (Medida Provisória) e uma portaria para colocar em dia as dívidas de 10,9 bilhões de reais da União com o FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço) e de 15,1 bilhões de reais com o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social). O total pago corresponde a 47% do total de 57 bilhões de reais de dívidas reconhecidas pela própria equipe econômica.

A dívida com o FGTS se refere à multa adicional de 10% paga pelas empresas quando demitem sem justa causa os funcionários. O dinheiro deveria ter repassado ao fundo dos trabalhadores, mas estava sendo usado para cobrir as perdas de arrecadação desde 2012.

O passivo com o BNDES é de subsídios que o Tesouro deveria bancar nos empréstimos que o banco concede ao setor produtivo. Além dessas dívidas, as pedaladas também envolvem atrasos de repasses à Caixa Econômica Federal para os pagamentos de benefícios sociais, como o Bolsa Família, e ao Banco do Brasil, nos financiamentos aos produtores agrícolas com juros mais baixos.

O governo prometeu apresentar um cronograma de pagamento das pedaladas ainda neste ano ao TCU. O ministro da Fazenda, Nelson Barbosa, afirmou que a regularização dessas dívidas é prioridade da sua gestão, mas não deu garantias de que seriam quitadas em sua totalidade. Nesta semana, o relator das contas de 2014 da presidenta Dilma Rousseff, senador Acir Gurgacz (PDT-RO), recomendou a aprovação das contas da petista com ressalvas, contrariando a decisão da corte de contas.

O argumento dele é de que as manobras não se constituem crimes de responsabilidade fiscal. O pedido de impeachment da presidenta Dilma, aceito pelo presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), se baseia, entre outros pontos, na prática das pedaladas, que teriam continuado neste ano.

O governo ainda remanejou 9 bilhões de reais para o Ministério das Cidades com o intuito de quitar outra dívida do Tesouro com o FGTS referente ao Minha Casa, Minha Vida. Pelas regras, nos financiamentos das faixas 2 e 3 do programa de habitação popular, o FGTS arca com 82,5% dos subsídios e o Tesouro com os outros 17,5%. Nos últimos anos, porém, o fundo pagou a totalidade dos subsídios para cobrar da União depois. A conta devida pelo governo foi acertada agora em uma parcela única. (AE) 

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