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Governo, Supremo e Tribunal de Contas da União assinam acordo com novas regras para acordos de delação de empresas

"Este acordo de cooperação não cria nem retira competências de nenhuma das instituições envolvidas", disse Toffoli. (Foto: Rosinei Coutinho/STF)

Sem o aval da PGR (Procuradoria-Geral da República), o presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), Dias Toffoli, realizou, nesta quinta-feira (06), uma cerimônia de assinatura de um conjunto de novas regras para acordos de leniência (a delação premiada de empresas) que abre brecha para excluir o Ministério Público Federal dessas negociações.

Além de Toffoli, o termo teve assinatura dos ministros da CGU (Controladoria-Geral da União), Wagner do Rosário, da AGU (Advocacia-Geral da União), José Levi, da Justiça, André Mendonça, e do presidente do TCU (Tribunal de Contas da União), José Múcio Monteiro.

O procurador-geral da República, Augusto Aras, havia pedido a Toffoli mais tempo para analisar a minuta da proposta e sugerir alterações porque o texto desagradou ao MPF. Por isso, Aras não participou da cerimônia e não assinou o acordo. A minuta estabelece que os acordos de leniência com as empresas suspeitas de ilegalidade serão negociados apenas pela AGU e pela CGU, e que o MPF receberia as provas entregues pelas empresas somente após o acordo ter sido assinado.

Toffoli manteve o nome de Aras entre os signatários do acordo, mesmo sem o procurador-geral ter efetivamente assinado o documento. A assessoria de Toffoli informou que Aras pode assinar o acordo posteriormente, caso deseje aderir. Isso, porém, inviabiliza que o MPF proponha alterações ao texto. A atual redação gerou duras críticas de integrantes da Operação Lava-Jato e de procuradores do MPF.

Em seu discurso, Toffoli não citou a ausência de Aras no acordo e elogiou o procurador-geral, afirmando que ele “reconhece a necessidade de atuação conjunta com outros órgãos, sem abrir mão do relevante papel do Ministério Público nos acordos de leniência”. O ministro negou, entretanto, que a proposta retire poderes do MPF.

“E isso é importante ressaltar novamente: este acordo de cooperação não cria nem retira competências de nenhuma das instituições envolvidas. Essas competências decorrem da Constituição e da legislação”, afirmou o presidente do STF.

O objetivo da proposta é criar um “balcão único” para que empresas acusadas de cometer ilícitos façam um único acordo, com a participação de todos os órgãos, e não precisem fazer diversas negociações separadamente, como ocorre hoje.

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