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Ministro do Supremo Alexandre de Moraes vira alvo da Justiça dos Estados Unidos em processo movido por empresa de Trump

Moraes já mandou tirar do ar no Brasil, temporariamente, duas empresas americanas, o X e o Rumble. (Foto: Gustavo Moreno/SCO/STF)

O grupo de comunicação do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e a plataforma de vídeos Rumble apresentaram nesta quarta-feira (19) à Justiça americana, uma ação contra o ministro Alexandres de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).

O processo, protocolado em um tribunal federal norte-americano na Flórida, acusa Moraes de censura e pede que ordens feitas pelo juiz brasileiro para que aplicativos e contas do Rumble sejam derrubados não tenham efeito legal nos Estados Unidos.

No texto, a acusação afirma que a base para a abertura do processo foi o bloqueio de Moraes de contas no Rumble — plataforma de vídeos similar ao YouTube — de uma série de usuários, incluindo um “muito conhecido”.

O jornal “Folha de S. Paulo” afirmou que trata-se do blogueiro Allan dos Santos, apoiador do ex-presidente Jair Bolsonaro e que vive nos Estados Unidos. Alexandre de Moraes determinou a prisão do blogueiro, que é considerado foragido pelo STF.

“Agindo sob o disfarce do Supremo Tribunal Federal da República Federativa do Brasil (‘STF’), o juiz Moraes emitiu ordens abrangentes para suspender diversas contas sediadas nos EUA (‘contas Banidas’) de um usuário muito conhecido e politicamente sincero (‘Dissidente Político A’), garantindo que nenhuma pessoa nos Estados Unidos possa ver seu conteúdo (‘ordens de cenursa’)”, diz o processo.

Apesar de não ser diretamente afetado por decisões do STF, o Grupo de Comunicação e Tecnologia Trump — responsável pela rede social Truth Social, criada por Trump quando ele foi banido do Twitter, em 2021 — alega que as ordens do juiz brasileiro interferem e vão contra a Primeira Emenda à Constituição norte-americana, que protege a liberdade de expressão.

“As ordens de censura constituem comandos estrangeiros que exigem censura extraterritorial em solo americano, contradizendo as principais proteções à liberdade de expressão consagradas na Constituição dos EUA”, diz a ação. “(…) E são, portanto, ‘repugnantes’ à Flórida e à política pública dos EUA sob princípios bem estabelecidos de cortesia e a estrutura de não reconhecimento da Flórida.

A ação afirma ainda haver jurisdição para que o caso seja julgado por um juiz federal na Flórida porque o Rumble está sediado em Tampa, que fica no estado norte-americano, e porque, segundo a acusação, o bloqueio de Moraes a contas do Rumble impediu o acesso de cidadãos dos Estados Unidos aos conteúdos em questão.

Segundo o professor de Direito Constitucional da Universidade Federal Fluminense (UFF) Gustavo Sampaio, a jurisdição se aplicaria no mérito de o caso ser julgado na Flórida, mas o argumento referente ao usuário afetado é “falacioso”.

“O fato de o processor correr na corte distrital da Flórida não faz diferença, porque continua sendo Justiça Federal”, disse Sampaio. “A diferença está no limite da soberania. Cada Estado é soberano juridicamente. Então, se o ministro Moraes toma uma decisão dentro da jurisdição do Brasil, isso vale em território nacional. Essa decisão só poderia valer nos EUA se a Justiça dos Estados Unidos entender que a mesma decisão pode valer naquele território”.

A denúncia ocorre um dia depois de a Procuradoria-Geral da República (PGR) denunciar ao STF o ex-presidente Jair Bolsonaro e outras 33 pessoas por tentativa de golpe. As informações são do portal de notícias g1.

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