A partir desta sexta-feira (23), a Trupi di Trapu Teatro de Bonecos percorrerá dez cidades gaúchas para celebrar seus 17 anos de existência. São espetáculos direcionados a diversos públicos e premiados em mostras e festivais. No foco do giro pelo Estado estão regiões gravemente impactadas pela tragédia climática de maio de 2024 e em situação de estado de calamidade pública.
Na lista estão Lajeado, Guaíba, Cachoeirinha, Gramado, Santa Maria do Herval, Santa Maria, Cachoeira do Sul, Rio Grande e Jaguarão. Cada uma deve ser contemplada com a apresentação de três espetáculos da companhia, totalizando 30 apresentações até novembro. Toda a programação tem entrada franca.
Os eventos abordam questões relevantes sobre diversidade, igualdade étnico-racial e resgate da contribuição do povo negro na construção da identidade cultural do Rio Grande do Sul. Assim, contribuindo ativamente para a implementação, nos planos escolares, das leis 10.639/2003 e 11.645/2008, que estabelecem a obrigatoriedade do ensino da história e cultura afro-brasileira e indígena no currículo de educação básica.
A “Circulação RS Repertório” é viabilizada por recursos da Política Nacional Aldir Blanc, por meio do edital Sedac nº 26/2024 – Artes Cênicas.
Criada em 2008 em Porto Alegre, a Trupi di Trapu Teatro de Bonecos é uma companhia com dedicação especial à formação de plateia e capacitação de educadores para trabalhar com teatro de bonecos em sala de aula. Seu nome representa a inclinação do grupo pelo reaproveitamento de material e linguagem artesanal de panos e tecidos nas suas montagens.
O espetáculo de lançamento foi uma livre adaptação de “O Negrinho do Pastoreio”, trabalho que atingiu rápida repercussão, cumprindo temporada por três anos consecutivos. Desde então, a Trupi já criou e vem apresentando cerca de sete espetáculos teatrais e de contação de histórias, oficinas e workshops sobre o uso do teatro de bonecos em sala de aula e construção de bonecos com materiais alternativos em mais de 30 cidades do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e países estrangeiros.
Em 2015, iniciou a experimentação do grupo no teatro de caixa lambe lambe, de onde origina se a formação de um coletivo chamado Caixa de Pandora. Atualmente a companhia conta mais de 20 profissionais, priorizando a diversidade e a pluralidade.
Atrações
– “Bandele”, do livro homônimo da escritora Eleonora Medeiros e destinado ao público infanto juvenil, traz na sua essência elementos que estimulam e despertam o interesse pelo conto tradicional, o conto enigma africano e a tradição griô. O menino Bandele, nascido longe de casa, bate seu tambor contando a trajetória de sua aldeia. Ele pede ajuda aos espíritos que moram no grande Baobá e protegem todas as histórias do mundo. O espetáculo é dirigido por Leandro Silva.
– “O Lanceirinho Negro”, destinado ao público infantil, é a adaptação teatral do livro de mesmo nome da autora gaúcha Angela Maria Xavier Freitas. Dirigido e encenado por Mayura Matos, a peça conta a história do Lanceirinho, um menino que cresceu ouvindo de seu avô as histórias sobre os Lanceiros Negros. Seu orgulho à memória dos bravos Lanceiros o estimula a lembrar se constantemente da importância da liberdade e do poder da ancestralidade. O espetáculo nasce com o intuito de ampliar o debate acerca da importância dos lanceiros negros na história do Rio Grande do Sul, surgindo como uma possibilidade de conectar o público infantojuvenil aos aspectos culturais, sociais e históricos da cultura afro brasileira.
– “Carolina e Outras Vozes”, destinado aos adultos, mescla o trabalho de atores, bonecos, formas animadas, projeções e musicalidades para contar um dia na vida de Carolina Maria de Jesus. Escritora, negra, favelada, catadora de papel, cuidou de seus filhos vivendo à margem da sociedade. Seus relatos, nos cadernos surrados que lhe serviam de diários, se transformou na grande obra literária “Quarto de Despejo Diário de Uma Favelada”, que inspira este espetáculo. A direção do espetáculo é de Alessandra Souza.
(Marcello Campos)