Exércitos da Rússia e da Ucrânia vem utilizando aeronaves não tripuladas – e relativamente baratas – em todas as fases da batalha, buscando superioridade tecnológica. Ucranianos criaram unidade de drones de reconhecimento para vigiar o campo inimigo. Russos, por outro lado, têm equipamento capaz de destruir um prédio.
Uma guerra que começou com tanques russos avançando pelas fronteiras da Ucrânia, trincheiras em estilo 1.ª Guerra e sistemas artilharia de fabricação soviética ganhou agora uma dimensão mais moderna: soldados observando os campos de batalha por meio de monitores pequenos, ligados a satélites, enquanto drones que cabem nas palmas de suas mãos viajam sobre posições distantes.
Com centenas de drones de reconhecimento e ataque voando pela Ucrânia todos os dias, a guerra – provocada por uma tomada de território condizente com as ações de um imperador do século 18 – se transformou em uma competição da era digital por superioridade tecnológica nos céus – que os registros da história militar marcarão como um ponto de inflexão.
Em conflitos anteriores, drones foram usados para localizar e atingir alvos – por exemplo, nas operações dos EUA no Afeganistão. Mas na batalha entre Rússia e Ucrânia os drones integram todas as fases dos combates, defesas antiaéreas e sistemas de obstrução de sinal em ambos os lados. É uma guerra travada à distância e nada supera essa dificuldade melhor do que os drones, que conferem a Rússia e Ucrânia capacidade de enxergar e atacar uma à outra sem se aproximar.
Camuflagem
Os EUA forneceram aos ucranianos drones Switchblade, projetados para atacar pequenos grupos de soldados ou veículos blindados. Seu pequeno tamanho o torna mais fácil de camuflar, mas também limita seu alcance.
Em comparação, o Shahed136, de fabricação iraniana, bastante usado pela Rússia, é muito maior e mais ruidoso. Mas um só disparo dele é capaz de destruir um edifício.
O drone Bayraktar TB2, desenvolvido e fabricado pela empresa turca Baykar, tem o tamanho de um avião pequeno e é equipado com mísseis guiados a laser. A aeronave é capaz de realizar vigilância e ataques, o que a torna uma peça importante do arsenal ucraniano para combater as forças russas.
Drones comerciais e baratos, como o Matrice 300, aumentam drasticamente a visibilidade nos campos de batalha. As forças ucranianas usaram drones para atingir alvos distantes dos combates – na Crimeia, que a Rússia anexou ilegalmente em 2014, e em Belgorod, região fronteiriça na Rússia. A Rússia tem atacado repetidamente infraestruturas civis críticas com “drones kamikaze”, que funcionam como substitutos baratos para mísseis de alta precisão.
Vigilância
A função mais importante dos drones é colocar olhos sobre os campos de batalha. E para ver os movimentos do inimigo, os militares ucranianos criaram uma unidade de drones de reconhecimento. Seu drone, um quadricóptero Matrice 300, que pesa pouco mais de 3,5 quilos, e os equipamentos que o acompanham, incluindo monitores, custam cerca de US$ 40 mil – o que faz desse drone uma das ferramentas mais baratas da guerra.
São esses drones comerciais – relativamente baratos e agora onipresentes – que tornam a guerra na Ucrânia singular, provendo visibilidade sem precedentes e afinando a precisão de disparos de artilharia.
O pequeno Mavic, que, como o Matrice 300, é fabricado pela empresa chinesa DJI, custa menos de US$ 4 mil. O general aposentado Yuri Baluievski, que serviu como comandante das Forças Armadas russas, classificou os drones como “um verdadeiro símbolo da guerra moderna”.
A DJI, maior fabricante mundial de drones comerciais, não fornece formalmente Mavics ou outros vants para a Ucrânia nem para a Rússia, para se distanciar da guerra. Mas isso não impede voluntários de comprar as aeronaves autônomas de revendedores no atacado.
Comandantes ucranianos e russos costumavam ser céticos em relação aos drones. Agora, eles se apressam para treinar centenas de pilotos.