O TSE (Tribunal Superior Eleitoral) recebeu nesta segunda-feira (6) o primeiro registro de candidatura à Presidência da República, do candidato Guilherme Boulos, do PSOL. Coordenador do MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto), Boulos disputará a Presidência pela primeira vez. Ele foi escolhido por aclamação durante convenção nacional do PSOL realizada em São Paulo no dia 21 de julho.
Boulos se filiou em março ao PSOL. No mesmo mês, foi lançado como pré-candidato do partido ao Palácio do Planalto após receber maioria dos votos em disputa com outros três nomes da legenda. Antes de se tornar líder do MTST, Boulos foi militante estudantil na União da Juventude Comunista e se formou em Filosofia pela USP (Universidade de São Paulo).
No registro de candidatura nesta segunda-feira (6), Boulos apresentou à Justiça Eleitoral o programa de governo. Ele informou ao tribunal ter patrimônio avaliado em R$ 15,4 mil de um veículo.
A chapa de Boulos terá como candidata a vice-presidente a ativista indígena Sônia Guajajara, também do PSOL. A candidatura de Boulos teve apoio de setores sociais, como os sem-teto, e os movimentos LGBTI, feminista, negro, entre outros.
Registro
O prazo para realização das convenções e definição das candidaturas para as eleições de outubro se encerrou no domingo (5). Os partidos têm até dia 15 de agosto para registrar as candidaturas.
A resolução que regulamenta as eleições deste ano prevê que o Tribunal Superior Eleitoral comece a julgar os pedidos de candidaturas presidenciais até 17 de setembro.
Presidente eleita do TSE, a ministra Rosa Weber será a relatora do pedido de candidatura do presidenciável do PSOL. A magistrada assumirá o comando do TSE a partir de 14 de agosto.
Semelhança com Lula
Coligado apenas com o PCB, o PSOL disporá de aproximadamente 13 segundos na propaganda eleitoral na TV e no rádio. Partido e candidato, porém, vislumbram a longo prazo um cenário bem mais favorável que os números de agora deixam supor. Aposta-se em Boulos como um sucessor natural do ex-presidente Lula (PT), hoje preso por corrupção e virtualmente inelegível pela Lei da Ficha Limpa, no comando da esquerda.
Além da semelhança física com o Lula sindicalista dos anos 1970, outros pontos ligam Boulos ao petista. Os dois ganharam projeção política ao liderar grandes movimentos sociais – o ex-presidente organizou as primeiras greves do ABC durante a ditadura militar; o pré-candidato do PSOL é coordenador nacional do MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem Teto) –, angariando apoio também de intelectuais e artistas. Lula reconheceu às semelhanças em discurso feito em São Bernardo (SP) antes de se entregar à Polícia Federal, em 7 de abril.
Nem mesmo políticos petistas receberam do ex-presidente tantos elogios quanto Boulos. “Ele só tem 35 anos de idade, e, quando eu fiz a greve de 78, eu tinha 33 anos e consegui, através da greve, chegar a criar um partido e virar presidente. Você tem futuro, meu irmão, é só não desistir”, disse o ex-presidente.
Aos olhos do PSOL, esse futuro também era evidente. Boulos pareceu ser candidato ideal para vencer a desconfiança da população em relação aos políticos tradicionais. É um nome jovem, novo na política, sem envolvimento em escândalos de corrupção, bem-visto por movimentos progressistas.