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Homem que alegava fraude em eleições nos Estados Unidos admite que forjou denúncia

A decisão foi tomada após a descoberta de que apenas 191 votos foram afetados pelo problema. (Foto: Getty Images)

Um funcionário dos correios da Pensilvânia admitiu que forjou a denúncia sobre uma suposta fraude nas eleições presidenciais dos Estados Unidos, informou o jornal “Washington Post” na última terça-feira (10). Essa acusação falsa foi uma das várias alegações sem provas usadas pelo republicano Donald Trump para se negar a admitir a derrota para o democrata Joe Biden, eleito presidente.

O homem, identificado como Richard Hopkins, havia denunciado o sistema o chefe do sistema postal do condado de Erie, na Pensilvânia, por supostamente instruir funcionários a adulterar as datas das cédulas enviadas por correio.

No entanto, as autoridades eleitorais da Pensilvânia disseram que Hopkins retirou as declarações e admitiu que forjou a denúncia. O chefe do serviço postal de Erie, Rob Weisenbach, disse que o funcionário “foi várias vezes advertido recentemente”.

Depois de as autoridades comunicarem a denúncia falsa, Hopkins gravou um vídeo — compartilhado por Trump — em que diz que sofreu pressão dos agentes federais para desmentir a acusação. Isso não foi provado, entretanto.

A denúncia falsa de Hopkins foi usada por Trump e pelo senador Lindsey Graham como argumento para uma disputa judicial na Pensilvânia.

Votação pelo correio

A votação por correio é permitida na Pensilvânia, desde que as cédulas fossem postadas até a data da eleição, 3 de novembro. A contagem desses votos levou Biden a virar na sexta-feira (6) a vantagem que era de Trump no início da apuração — e o democrata só ampliou a vantagem desde então.

De acordo com a Associated Press, a distância de Biden para Trump na Pensilvânia, Estado decisivo na corrida eleitoral, passou de 50 mil votos nessa quarta-feira (11). Isso é mais do que o 0,5 ponto percentual considerado praxe para uma recontagem de votos.

Como previsto antes mesmo das eleições, a demora na contagem dos votos por correio levou ao que a imprensa americana chama de “miragem vermelha” — ou seja, uma vantagem inicial de Trump revertida ao longo da apuração. O fenômeno foi visto na Pensilvânia, em Michigan, em Wisconsin e na Geórgia, justamente alguns dos Estados onde o atual presidente ainda tenta contestar judicialmente os resultados.

Sem indícios

Autoridades eleitorais dos Estados Unidos não encontraram indícios de fraude na vitória de Joe Biden, diz um levantamento feito pelo jornal The New York Times e publicado nessa quarta-feira (11).

O presidente Donald Trump, candidato derrotado à reeleição, tenta reverter o resultado das eleições de 3 de novembro e alega fraude eleitoral em Estados que deram a vitória ao democrata, ainda que sem apresentar nenhuma prova.

A reportagem do periódico entrevistou dezenas de representantes dos Estados. Eles negaram qualquer irregularidade no processo.

O jornal entrou em contato com os escritórios de autoridades eleitorais em todos os 50 Estados do país entre segunda (9) e terça-feira (10). Responderam diretamente à publicação 45 deles. Outros quatro Estados já haviam divulgado que as eleições ocorreram sem qualquer problema.

Alguns poucos Estados descreveram problemas comuns que acontecem em todas as eleições, mas que já estão sendo corrigidos, como duplicação de votos, falhas técnicas e pequenos erros matemáticos.

Apenas os oficiais do Texas não responderam ao pedido de entrevista do jornal, mas um porta-voz do condado de Harris, um dos mais importantes do Estado, disse que houve apenas alguns problemas menores e que a eleição foi “muito tranquila”.

O secretário de Estado de Ohio, Frank LaRose, disse em entrevista que “há muitas coisas que não são verdadeiras” sobre as eleições. Segundo ele, que é republicano, teorias da conspiração e rumores encontram terreno fértil neste momento.

Alheios às reclamações de Trump, líderes mundiais de diversos países — inclusive aliados do republicano, como Boris Johnson e Benjamin Netanyahu — parabenizaram Joe Biden pela vitória. No Brasil, o presidente Jair Bolsonaro não se pronunciou sobre a vitória do democrata.

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