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Homem seduzia socialites na internet para tomar dinheiro delas

Golpista criou uma "vida de ostentação" nas em redes sociais para atrair as vítimas. (Foto: Reprodução)

A Polícia Civil do Distrito Federal prendeu nesta semana um homem de 45 anos suspeito de criar uma “vida de ostentação” em redes sociais para se aproximar, seduzir e dar golpes em socialites de Brasília. Em uma semana, oito vítimas compareceram à delegacia e disseram ter sido ludibriadas pelo homem. O prejuízo causado às mulheres pode superar os  300 mil reais.

“Ele se relacionava com as mulheres e praticava estelionato em nome delas. Ou pegava dinheiro direto com as vítimas, ou fazia um empréstimo em nome delas e sumia. Ele conseguia esses dados porque elas se apaixonavam por ele”, diz o delegado Plácido Rocha. Nas redes sociais, Antônio Carlos Guimarães publicava fotos em carros importados, casas em Miami e restaurantes nacionais de luxo.

A polícia acredita que o número de vítimas seja bem maior do que oito, mas teme que muitas não denunciem os crimes porque mantinham uma relação extraconjugal com o golpista. Na delegacia, Guimarães não quis dar entrevista, mas disse que não cometeu crimes e não sabia por que estava preso. Ao longo da tarde, segundo as autoridades, o celular do dele continuava a receber mensagens de vítimas perguntando sobre depósitos, recibos e transações bancárias.

Denúncia

Autora da primeira denúncia à Polícia Civil, uma empresária da área de comunicação, que pediu para não ser identificada, afirmou que conhecia Guimarães há três anos. Ela diz que só descobriu as “más intenções” do “amigo” quando ele sumiu com mais de 10 mil reais depositados por ela.

“Ele se dizia empresário megamilionário, só comigo tinha 550 amigos em comum. Disse que namorou várias amigas minhas, e todas do meu perfil. Viúvas ou divorciadas, classe alta, mais de 50 anos, algumas ainda casadas. Saímos para almoçar duas vezes, ele me assediando, paquerando. Não namorei, mas não deixa de ser uma pessoa que estava no meu perfil”, revelou a empresária.

Durante as conversas, o suspeito disse que era dono de lojas de grife em shoppings e pediu que a mulher fizesse um plano de comunicação para ele, mas não chegou a fechar acordo. Há um mês, ele ofereceu ajuda para que ela financiasse a compra de um carro de luxo, estimado em  200 mil reais.

“Saímos para almoçar e ele me ofereceu essa ajuda, disse que eu precisava trocar o carro. Disse que ia sair por  108 mil reais, mas depois me falou em 60 prestações de  2.890 reais, o que dá quase 180 mil reais. Já tinha depositado  10,8 mil reais e ele pedia mais. Se tivesse pedido  30 mil reais, eu teria depositado”, diz a vítima.

O golpe só foi descoberto porque ele sumiu após o pedido de devolução do dinheiro. Ela conta que o ex-marido ligou de outro número, pediu explicações e foi xingado pelo suspeito.  Após a descoberta, a empresária diz que denunciou o caso nas redes sociais e recebeu mais de 40 mensagens de outras vítimas. “É o negócio dele. Seduzir, assediar, até porque ele é boa pinta, simpático. Ele é especializado, falou aqui que fez botox e plástica pra poder estar no nosso meio, puxar assunto com as mulheres”,  aponta.

Leque de crimes
Além dos golpes identificados no último mês, Guimarães já responde a 26 inquéritos por estelionato e receptação. Segundo o delegado, o primeiro registro policial foi feito em 1990. O suspeito foi preso em uma agência bancária. O delegado observou que ele tinha acabado de abrir uma conta para pegar empréstimo, usando um morador de rua como “laranja” para a operação.

Como os perfis em redes sociais eram preenchidos com informações fantasiosas, a Polícia Civil ainda não  conseguiu apurar quais são os bens comprados por Guimarães com o dinheiro dos golpes. A residência fixa do suspeito e o saldo das contas bancárias em nome dele também são desconhecidos. Apesar disso,  Guimarães será indiciado por estelionato por causa das novas denúncias e pode ser sentenciado a uma pena de um a cinco anos de prisão pelos crimes. (AG)

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