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IBGE diz que o desemprego fica abaixo do previsto e a carteira assinada renova recorde

Das 103,3 milhões de pessoas ocupadas no no período, 39,6 milhões tiveram a carteira assinada. (Foto: ABr)

A taxa de desemprego surpreendeu analistas e ficou em 6,6% no trimestre encerrado em abril, marcando o menor nível para o período desde o início da série histórica, em 2012. Segundo o IBGE, que divulgou os dados nesta quinta-feira, os números traduzem a resiliência do mercado de trabalho. A visão é de que ainda houve espaço para absorção de trabalhadores mesmo com as expectativas de perda de ritmo.

A renda média cresceu 3,2% em relação ao ano anterior, enquanto a massa de rendimentos (soma dos ganhos de todos os trabalhadores) atingiu um novo recorde. O número de empregados com carteira assinada chegou a 39,6 milhões, também maior patamar da série, sustentando o desempenho do mercado formal.

O mercado financeiro projetava que o desemprego subisse para 6,9% no período, segundo mediana das projeções reunidas pela Bloomberg. As apostas iam de 6,87% a 7,1%. No trimestre encerrado em janeiro, que serve de comparação, o desemprego estava em 6,5%.

Analistas

Para analistas, os números do IBGE mostram que o mercado de trabalho está mais aquecido do que se previa, e mesmo o alto patamar dos juros ainda não produziu os efeitos esperados sobre a atividade. Após o resultado de hoje, economistas já refazem as contas e esperam que o desemprego só suba com mais força a partir do segundo semestre.

No cálculo da Genial Investimentos, os dados de desemprego do trimestre encerrado em abril, com ajuste sazonal (ou seja, excluindo variações típicas da época), mostram que a taxa caiu de 6,5% para 6,3%. Significa dizer que o desemprego está operando no menor nível já registrado na série histórica.

Agora, a corretora projeta uma taxa média de desemprego de 6,8% em 2025, ante 7% previstos anteriormente. Se confirmado, será a segunda menor da série iniciada em 2012, já que a taxa média no Brasil em 2024 foi de 6,6%. O mercado estaria, portanto, em condições até melhores do que as observadas em 2014, quando o ano fechou com desemprego médio de 7%.

“Se havia alguma expectativa de desaceleração, ela não tem sido observada agora”, resume Rodolpho Tobler, economista do FGV Ibre.

Para ele, o aquecimento do mercado vem em linha com os números de atividades. E os dados do Produto Interno Bruto (PIB), que serão divulgados nesta sexta-feira, trarão sinais importantes para o Banco Central e para os analistas sobre o vigor da atividade econômica.

Alerta

Tobler observa que o desemprego mais baixo já aponta para sinais de escassez de mão de obra, o que tem puxado os salários para cima.

“No fim do ano passado, já captamos nas sondagens essa dificuldade de contratação. Isso dá maior poder de negociação para o trabalhador, elevando a renda média.”

Segundo ele, setores como serviços e construção civil continuam sentindo pressão por mão de obra qualificada, com níveis de escassez semelhantes aos de 2013 e 2014. Embora positivo para os trabalhadores, o avanço dos salários acaba alimentando a inflação e dificultando o cenário para o Banco Central.

Camargo, da Genial, lembra que os analistas econômicos começaram a questionar se ainda seria necessário manter o ciclo de alta de juros depois da ata da última reunião do Copom, já que os preços das commodities vinham caindo. Mas os números da inflação de serviços subjacentes, assim como a força do mercado de trabalho, exigem atenção redobrada:

“Para consolidar a credibilidade da diretoria atual, talvez fosse bom manter a postura de mais um aumento de 0,25 ponto percentual.”

Tobler acrescenta que, apesar do aumento do IOF ter acendido o debate sobre necessidade de mais uma alta dos juros, os elementos do cenário macroeconômico ainda não apontam para uma desaceleração da economia suficiente.

“Não acho que o banco Central, olhando apenas para os dados de atividade e de mercado de trabalho, consiga ter argumentos para justificar o encerramento dessa alta.”

Emprego com carteira 

Ao todo, 103,3 milhões de pessoas estavam ocupadas no país no período. Deste contingente, 39,6 milhões de trabalhadores com carteira assinada, um novo recorde da série histórica. O emprego com carteira cresceu 0,8% em relação ao trimestre anterior e de 3,8% ante igual trimestre do ano passado.

O nível de ocupação, ou seja, a fatia da população em idade ativa que está trabalhando, atingiu 58,2%.

A ocupação só cresceu, contudo, entre fevereiro e abril deste ano, na administração pública. Das dez atividades investigadas pela pesquisa, esta foi a única com crescimento significativo. Segundo William Kratochwill, do IBGE, isso se deve ao início do ano letivo.

“Aumentam as contratações nesse período para toda uma estrutura de suporte. Auxiliar de professores, professores, cozinheiros, gestores de educação… Todo aquele grupo que dá suporte para o início das aulas.”

Na comparação anual, porém, houve alta em cinco atividades: indústria (mais 471 mil pessoas), comércio (mais 696 mil), transporte (mais 257 mil), serviços administrativos e financeiros (mais 435 mil) e administração pública, saúde e educação (mais 731 mil). Em contrapartida, a agricultura perdeu cerca de 348 mil trabalhadores no período. (Com informações do jornal O Globo)

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