Ícone do site Jornal O Sul

Idosos no Enem: ano que teve envelhecimento como tema da redação registra recorde de candidatos com mais de 60 anos

Neste ano, o tema da redação foi justamente “Perspectivas acerca do envelhecimento na sociedade brasileira”. (Foto: Paulo Pinto/Agência Brasil)

O Exame Nacional de Ensino Médio (Enem) registrou, em 2025, o maior número de candidatos com mais de 60 anos. Foram mais de 17 mil pessoas entre os 4,8 milhões de inscritos nessa faixa etária. Neste ano, o tema da redação foi justamente “Perspectivas acerca do envelhecimento na sociedade brasileira”.

Veja o número de inscritos de cidadãos com 60 anos ou mais:

* 2025 – 17.192;
* 2024 – 9.950;
* 2023 – 8.531;
* 2022 – 5.900;
* 2021 – 6.004;
* 2020 – 11.768;
* 2019 – 8.259;
* 2018 – 8.704;
* 2017 – 9.618;
* 2016 – 13.018;
* 2015 – 10.680;
* 2014 – 12.375;
* 2013 – 8.781;
* 2012 – 6.596;
* 2011 – 5.602;
* 2010 – 5.054;
* 2009 – 4.534.

Como texto de apoio, a prova citou frases de Rita Lee (“A velhice não é doença. É destino”) e de Fernanda Montenegro (“A velhice é o tempo em que a vida já foi vivida e, por isso mesmo, pode finalmente ser olhada de frente, sem o pânico do ineditismo”).

Na avaliação da antropóloga e professora da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) Mirian Goldenberg, a escolha do tema é um marco da conscientização sobre a invisibilização dos idosos.

“Eu acho maravilhoso uma prova feita por estudantes em sua maioria adolescentes propor um tema sobre envelhecimento”, celebra.

“Isso mostra como os problemas enfrentados pelos velhos brasileiros estão mais visíveis do que nunca”, continua.

A atriz Giovanna Goldfarb, de 61 anos, é uma dessas inscritas. A candidata que, em 1999, interpretou a personagem Zefa, na primeira versão da novela “Pantanal”, diz que quer se reconciliar com sua “versão” estudante.

“Minha versão aluna merece ser melhor”, diz a candidata que, em 1999, interpretou a personagem Zefa, na primeira versão da novela “Pantanal”.

“Meus objetivos são: 1) gabaritar História, Geografia, Literatura e Inglês; 2) tirar 800 na redação; 3) acertar alguma coisa de Matemática e Física; 4) algumas de Biologia e Química; 5) passar na faculdade que pretendo”, prosseguiu.

Em 1983, ela chegou a entrar na faculdade de Teatro da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (Unirio), mas não conseguiu completar o curso. Na época, ela passou por um grave problema de dependência química que a fez frequentar pouco as aulas até que um acidente de carro decretou sua saída de vez.

“Não estudava há mais de 40 anos. Me sinto um museu ambulante na turma do pré-vestibular social que frequento. A gente ri à beça. Me sinto quase que da época de Pedro Álvares Cabral! O professor de Geografia mostrou um slide com um vilão destruidor do mundo. Ao final da aula, eu perguntei: “Tá, mas quem é esse?” Todo mundo conhecia, era da Marvel, menos eu”, diverte-se a estudante que está em uma turma do “Mulheres na Escola”, um programa da Fundação Centro de Ciências e Educação Superior a Distância (Cecierj) e da Secretaria de Estado da Mulher do Rio que promove o retorno à educação formal para mulheres a partir de 16 anos ou que desejam fazer o pré-vestibular.

Sair da versão mobile