O Instituto-Geral de Perícias do Rio Grande do Sul (IGP-RS) completou, em 17 de julho deste ano, 22 anos de existência. Como parte das comemorações, a instituição apresentou uma mostra que resgata laudos, até então inéditos, de um crime que movimentou a sociedade porto-alegrense da década de 1940, e que relembra a trajetória e o trabalho da perícia no Estado. O evento aconteceu nesta segunda-feira (30), no Salão Negrinho do Pastoreio, no Palácio Piratini, com a presença do governador Eduardo Leite, do vice-governador e secretário da Segurança Pública, Ranolfo Vieira Júnior, e da diretora do IGP, Heloísa Helena Kuser.
Todos os peritos envolvidos na investigação foram convidados a falar no decorrer da solenidade. Segundo a diretora Heloísa, certos crimes dão origem a lendas que ganham tanta força que, por vezes, nem mesmo a perícia é capaz de desmitificá-los. “Não precisamos nos insurgir contra isso, pelo contrário, podemos conviver harmoniosamente”, destacou.
A diretora da instituição também relembrou outros casos célebres nos quais o IGP teve papel determinante, como os crimes da Rua do Arvoredo e o incêndio da Lojas Renner, ambos no Centro de Porto Alegre. “A perícia envolve pesquisa, tecnologia e ciência, e é praticada no Rio Grande do Sul desde o século 18”, evidencia.
O IGP é um dos órgãos vinculados à Secretaria da Segurança Pública, ao lado da Polícia Civil e da Brigada Militar, ao qual compete, além de outras atribuições, especialmente, as perícias médico-legais e criminalísticas, os serviços de identificação e o desenvolvimento de estudos e pesquisas na área de atuação.
O fato
Na madrugada de 17 para 18 de agosto de 1940, a adolescente Maria Luiza Häussler, 16 anos, deixou o baile na tradicional Sociedade Germânia acompanhada do namorado, Heinz Werner Schmeling, 19 anos. O namoro não era aceito pela família da jovem.
Até hoje, não se sabe o que ocorreu entre o casal. Sabe-se, que horas mais tarde, o rapaz foi encontrado em um bar, no bairro Belém Velho, atingido por um tiro. Maria Luíza foi encontrada na madrugada do dia 20, já sem vida, na Lagoa dos Barros, entre Osório e Santo Antônio da Patrulha.
Schmeling foi condenado em 1942 pelo assassinato. O homem faleceu em 1971, em São Paulo. Na época do crime, Heinz assumiu que levou o corpo da namorada até a lagoa, mas negou ter sido o autor do assassinato. O homem sustenta uma versão de que Maria Luiza teria tentado matá-lo e, depois, teria cometido suicídio.
Em um depósito, os laudos ficaram guardados por mais de 80 anos, em meio a outros documentos e foram encontrados recentemente. Pelo relato dos peritos da época, não foi possível identificar a hipótese de que Maria Luiza tenha se suicidado, a versão de Schmeling. A Lagoa dos Barros, se tornou palco para lendas e superstições. Há quem diga que o espírito de Maria Luiza ainda pode ser visto por lá, circulando pelo local em um vestido branco, tornando-a conhecida como Noiva da Lagoa dos Barros.
