O fim do processo contra o ex-presidente Jair Bolsonaro e o início do cumprimento da sentença foram destaque na imprensa internacional nessa terça-feira (25). A prisão preventiva de Bolsonaro, realizada no último sábado (22), após o ex-presidente queimar a tornozeleira eletrônica com um ferro de solda, foi bastante citada por veículos de mídia estrangeiros.
O jornal The New York Times, dos Estados Unidos, classificou o julgamento de Bolsonaro como um teste para a jovem democracia brasileira, principalmente após o governo de Donald Trump impor tarifas altas ao País e citar o julgamento de Bolsonaro como uma das razões. No entanto, também afirmou que o próprio governo americano parece ter deixado a pressão para trás.
O jornal citou a tentativa de violação da tornozeleira por Bolsonaro e recordou todo o caso do golpe, assim como a prisão de outros ex-presidentes brasileiros (Lula e Fernando Collor) na última década.
O Washington Post, também dos Estados Unidos, apontou que Bolsonaro foi o primeiro ex-presidente a ser condenado por tentativa de golpe de Estado no Brasil e apontou semelhanças entre o caso de Bolsonaro e a invasão do Capitólio, sede do Congresso americano, por apoiadores de Trump em 6 de janeiro de 2020.
Assim como o New York Times, o jornal também lembrou a reação do governo Trump ao julgamento do ex-presidente brasileiro, e mencionou que boa parte dos itens de exportação brasileiros aos EUA receberam um alívio recentemente. O Post destacou ainda que Bolsonaro está preso numa cela especial.
O Guardian, do Reino Unido, apontou que a trama golpista envolvia o assassinato de Lula e do vice-presidente Geraldo Alckmin, e citou as sentenças dos outros seis envolvidos no “núcleo 1” do planejamento de golpe, que também terão que começar a cumprir suas penas.
O jornal britânico comparou as reações de progressistas e conservadores brasileiros com a prisão, com júbilo de um lado e críticas do outro, e avaliou que a tentativa de aprovar uma anistia no Congresso deve ser malsucedida e que a influência de Bolsonaro no campo conservador vem diminuindo.
O argentino Clarín destacou o episódio da tornozeleira eletrônica e apontou que falta ao STF definir apenas em qual local Bolsonaro cumprirá a pena. Também citou os problemas de saúde de Bolsonaro e que a estratégia dos advogados era pedir prisão domiciliar por “razões humanitárias”.
O La Tercera, do Chile, mencionou as penas que os outros envolvidos no plano do golpe terão que cumprir e os problemas de saúde do ex-presidente. Também citou a frase de Carlos Bolsonaro de que o pai estava “psicologicamente devastado”.
Na França, o Le Monde publicou um texto da agência de notícias AFP com um resumo dos acontecimentos que levaram Bolsonaro à cadeia, desde a tentativa de golpe até a tentativa de violação da tornozeleira, e afirmou que a justificativa para este último ato foi um “estado de confusão mental” devido a medicamentos.
Na Alemanha, a revista Der Spiegel destacou o esgotamento de recursos judiciais para a defesa e o fim definitivo do caso. Também mencionou o ineditismo da condenação de um ex-presidente brasileiro por tentativa de golpe de Estado e lembrou o dano causado à tornozeleira eletrônica no último sábado. (Com informações de O Estado de S. Paulo)
