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Ingressos para mulheres em jogo do Irã pelas eliminatórias da Copa do Mundo do Catar se esgotam em poucas horas

No Irã, as mulheres são proibidas por lei de frequentar estádios de futebol desde 1981. (Foto: Reprodução)

A pressão internacional após a morte da torcedora Sahar Khodayari, que pôs fogo no próprio corpo em protesto desesperado pela condenação a seis meses de prisão por ter ido a um jogo de futebol, começa a dar resultados no Irã. Ingressos para setores destinados às mulheres na partida da próxima quinta-feira, contra o Cambodja, em Teerã, foram colocados à venda e se esgotaram em poucas horas nesta sexta-feira (04).

O jogo, pelas eliminatórias para a Copa do Mundo do Catar-2022, é o primeiro da seleção iraniana em casa após a trágica morte de Sahar Khodayari. No Irã, as mulheres são proibidas por lei de frequentar estádios de futebol desde 1981, como consequência da Revolução Islâmica de 1979.

Semana passada, durante o Fifa The Best, evento de premiação dos melhores do mundo no futebol, o presidente da Fifa, Gianni Infantino, já havia condenado a situação no Irã e indicado a possibilidade de mudanças. Uma delegação da Fifa esteve no país para acompanhar a preparação para o jogo contra o Cambodja.

A Fifa informou à agência de notícias Reuters que 4,6 mil ingressos foram destinados ao setor destinado às mulheres para a partida de quinta-feira. O estádio tem capacidade para 78 mil lugares.

Diretora de Iniciativas Globais da ONG Human Rights Watch, Minky Worden ainda vê com preocupação a volta das mulheres a um jogo de futebol no Irã, devido às condições restrititvas para a presença feminina no estádio.

“Qualquer concessão da Fifa para limitar o número de mulheres que podem ir ao estádio apenas fortalece os radicais do Irã que no passado já pré-selecionou mulheres para ir a eventos esportivos, mantendo suas restrições discriminatórias”, afirmou Minky.

Como a venda dos ingressos para as mulheres foi feita apenas via internet, e sem anúncio prévio, entidades como a Human Rights Watch e a ONG OpenStadiums levantam dúvidas sobre quem teve oportunidade de adquirir seu ingresso e a possibilidade da venda ter sido destinada a grupos pré-escolhidos, como ocorreu no dia 14 de setembro em um jogo de vôlei entre Irã e Catar, em Teerã.

Além disso, essas entidades também criticam o isolamento das mulheres em um setor exclusivo, o que as impede de acompanhar filhos, maridos e outros familiares e amigos na partida, assim como dificulta o acesso a mulheres com deficiência, que têm direito a acompanhante.

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