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INSS: Polícia Federal investiga contadores e advogados suspeitos de fraudarem mais de R$ 50 milhões em aposentadorias

Segundo a Polícia Federal, o esquema tem risco de danos futuros superiores a R$ 200 milhões. (Foto: Arquivo PF/Divulgação)

A Polícia Federal (PF) deflagrou, nessa quarta-feira (7), uma operação contra um suposto esquema criado por contadores e dois advogados para concessão indevida de aposentadorias no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS).

As investigações apontam que, entre 2014 e 2023, o esquema criou 232 benefícios irregulares e causou um prejuízo de mais de R$ 56 milhões. Segundo a Polícia Federal, o esquema tem risco de danos futuros superiores a R$ 200 milhões.

Dois advogados também são suspeitos de usar documentos falsos em ações judiciais para viabilizar os benefícios. Os agentes cumpriram 17 mandados de busca e apreensão no Distrito Federal, além de bloquear bens dos investigados e determinar a revisão de benefícios suspeitos pelo INSS.

As aposentadorias indevidas foram obtidas por meio da transmissão de GFIPs por empresas ligadas a contadores. GFIPs é um documento mensal obrigatório para empresas, informando dados sobre FGTS, remunerações e contribuições previdenciárias ao governo. A PF aponta que as empresas responsáveis pelas transmissões desses documentos não tinham relação com os supostos empregadores.

Os investigadores também identificaram:

* repetição dos mesmos CNPJs e padrões documentais entre diferentes beneficiários;
* indícios de falsificação de documentos trabalhistas;
* incompatibilidades temporais e monetárias em documentos apresentados;
* recebimentos financeiros por parte dos investigados, oriundos de beneficiários do esquema;
* ações judiciais patrocinadas pelos mesmos advogados, com uso dos documentos suspeitos;
* armazenamento de documentos aparentemente falsos em e-mails e serviços de nuvem pelos investigados.

A operação foi realizada em parceria com a Coordenação de Inteligência Previdenciária do Ministério da Previdência Social.

Golpe na fraude

O governo federal e o INSS alertam os beneficiários para que fiquem atentos e não caiam em armadilhas virtuais. Com o caso em evidência, criminosos têm aproveitado para aplicar novos golpes, disseminando fake news sobre o ressarcimento. As fraudes incluem mensagens enviadas por e-mail e WhatsApp prometendo devolver o dinheiro cobrado indevidamente.

Uma das estratégias dos golpistas é enviar mensagens que oferecem um link para supostamente agilizar a devolução dos valores descontados. O conteúdo dessas mensagens é #FAKE e visa roubar dados pessoais das vítimas.

O Ministério da Previdência Social alertou que os ressarcimentos serão feitos exclusivamente na conta em que o beneficiário já recebe seu pagamento do INSS. “Da mesma conta que ele recebe o seu benefício previdenciário, vai ser depositado. Por isso eu peço: não caia em outros golpes, não assine nada, não abra link, não acredite em ninguém que esteja vendendo facilidade”, afirmou o atual presidente do INSS, Gilberto Waller Júnior.

Outra fraude detectada é um anúncio que imita o layout do portal g1 e promete indenizações que variam de R$ 2 mil a R$ 8 mil para aposentados. O golpe inclui um link que leva a um site que simula ser uma plataforma oficial do governo, com símbolo “gov.br”, mas exige CPF e cobra uma taxa de R$ 61,90 para liberar a suposta indenização.

Nas redes sociais, políticos também têm disseminado desinformação sobre o caso. Um vídeo do deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG), que teve mais de 85 milhões de visualizações, afirma que a fraude movimentou R$ 90 bilhões em 2023. Na realidade, esse é o valor total de empréstimos consignados liberados para beneficiários no ano passado. A fraude, segundo a PF, está estimada em R$ 6 bilhões. As informações são do portal de notícias g1.

 

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