O Líbano recebeu um pedido de prisão da Interpol contra o ex-presidente da aliança Renault-Nissan Carlos Ghosn, o magnata do setor automotivo que fugiu do Japão para Beirute, anunciou o ministro da Justiça libanês nesta quinta-feira (02). “O Ministério Público recebeu um aviso vermelho da Interpol sobre o caso Carlos Ghosn”, disse Albert Sarhane, citado pela agência de notícias oficial ANI.
Alvo de quatro acusações de crimes financeiros e em prisão domiciliar sob fiança desde abril de 2019, Ghosn vivia com certa liberdade de movimento no Japão, mas sob condições estritas. O empresário teria conseguido escapar do país em um jatinho privado com a ajuda de uma empresa privada de segurança, segundo a Reuters.
Nesta quinta-feira, a imprensa japonesa informou que o empresário tinha dois passaportes franceses, incluindo um que sempre levava em uma mala trancada. Ghosn, no entanto, não teria utilizado este segundo passaporte francês para entrar no Líbano, e sim um “meio ilegal”, de acordo com a emissora japonesa NHK. Nascido no Brasil, ele também tem cidadania libanesa e francesa.
Após uma escala em Istambul, na Turquia, ele seguiu para Beirute, onde entrou com um passaporte francês e um documento de identidade libanês, de acordo com a presidência libanesa. A Turquia lançou uma investigação sobre a fuga do empresário e sete pessoas foram presas, incluindo quatro pilotos, de acordo com a agência de notícias DHA.
Nesta quinta-feira, as autoridades japonesas fizeram buscas na casa do empresário em Tóquio. Investigadores buscam imagens de vídeo de residências vizinhas que tenham registrado a saída de Ghosn.
Passaportes
Os advogados do executivo mantinham sob seu controle três passaportes (um francês, um libanês e um brasileiro) – condição imposta pela justiça japonesa desde que ele foi colocado em prisão domiciliar. Porém, Ghosn tinha dois passaportes franceses.
Em maio, uma autorização excepcional do tribunal permitiu que o empresário ficasse com um dos dois documentos franceses trancado em uma mala. A chave dessa mala, no entanto, ficava com seus advogados. O documento servia como visto de curta duração no arquipélago e ele precisava utilizá-lo em seus deslocamentos internos.
No Japão, estrangeiros devem se deslocar com seu passaporte ou um documento de identidade fornecido por um governo. Então, em caso de um controle, o empresário deveria entrar em contato com um de seus advogados para que ele fosse encontrá-lo (e levar a chave).
A imprensa francesa ressalta que essa não era uma condição exclusiva de Ghosn, mas a todas as pessoas que estão em algum regime de liberdade condicional. As autoridades japonesas não têm registro de que ele tenha, porém, apresentado sua real identidade aos controles de fronteira.