A corrida presidencial de 2018 entrará numa nova fase com as convenções marcadas para o fim desta semana, em que dois dos principais competidores terão suas indicações chanceladas por seus partidos. Será o início de uma etapa movimentada, ao final da qual se espera encontrar, além da definição das candidaturas, maior clareza sobre suas plataformas e as coalizões que irão sustentá-las na campanha.
Na sexta-feira, o PDT confirmará a indicação do ex-ministro Ciro Gomes, que as pesquisas apontam em segundo lugar nos cenários que excluem da disputa o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), preso em Curitiba desde abril. No domingo, o PSL se reunirá para aclamar o deputado Jair Bolsonaro (RJ), que assume a dianteira nas pesquisas sem o líder petista.
Apesar de bem colocados nos levantamentos, os dois têm enfrentado dificuldades para conquistar o apoio de outros partidos e usarão suas convenções para exibir força e acenar a potenciais aliados. Ciro se movimenta a fim de ocupar espaço à esquerda desde a prisão de Lula, mas esbarra no apelo eleitoral do ex-presidente e na disposição do PT de registrá-lo candidato, a despeito do veto imposto pela Lei da Ficha Limpa.
Mesmo na cadeia e impedido de falar em público, Lula conserva 30% das preferências nas pesquisas e tem chances de transferir boa parte do seu prestígio a outro nome que indicar se não puder concorrer. Essa perspectiva tem feito o PSB hesitar em vez de embarcar na caravana de Ciro. Nas últimas semanas, o postulante do PDT também buscou aproximação com partidos aglutinados no chamado centrão, como o PP e o PR, além do DEM.
Essas siglas se mostram indecisas sobre o rumo a seguir, têm conversado com outros presidenciáveis e não estão certas nem mesmo de que caminharão juntas. O DEM está dividido entre Ciro e o ex-governador Geraldo Alckmin (PSDB), cuja candidatura deverá ser confirmada em convenção marcada para o dia 4 de agosto.
O PR, que foi sócio de todos os governos petistas e se manteve no poder com Michel Temer (MDB), flertou com Bolsonaro até outro dia e começou a conversar com Ciro, mas não descarta nem mesmo uma nova composição com os petistas. Para quem busca votos nos extremos do espectro ideológico, como Ciro e Bolsonaro, uma aliança com qualquer uma dessas siglas poderia levar a um discurso mais moderado – e as convenções poderiam servir de palco para essa inflexão.
Capitão reformado do Exército, o postulante do PSL indicou que desistiu do PR e escolherá o general da reserva Augusto Heleno como vice. A se confirmar essa disposição, a escolha tende a reforçar seu apelo para os segmentos mais conservadores do eleitorado.