Em poucos meses, Jeb Bush, 62, deixou de ser o favorito e virou o patinho feio da disputa republicana pela Casa Branca.
Sem decolar nas pesquisas nem entusiasmar nos debates, Jeb decidiu relançar sua campanha, num esforço que muitos consideram um ato desesperado para provar que sua candidatura não morreu antes mesmo das primárias do partido.
A urgência em fazer uma reformulação estratégica ficou clara depois que ele foi humilhado pelo jovem e carismático senador Marco Rubio, seu ex-afilhado político, no debate republicano da semana passada. Foi o ponto mais baixo da campanha de Jeb Bush –para alguns analistas, o pior de sua carreira.
Para surpresa do próprio Jeb, seus aparentes trunfos –a experiência em um cargo executivo pelos oito anos em que governou a Flórida e o parentesco com dois ex-presidentes– acabaram se tornando pontos fracos.
Como mostram as pesquisas, os eleitores têm preferido candidatos que estão longe do figurino político tradicional, como o neurocirurgião Ben Carson e o empresário Donald Trump.
Em discurso na Flórida para o relançamento de sua campanha, nesta segunda-feira (2), Jeb não apresentou novidades, buscando reforçar as diferenças entre ele e seus adversários.
Alertou para o risco de “mais um experimento presidencial”, referência a Barack Obama e uma alfinetada em Rubio, 44, e disse que não basta dizer ao Congresso “você está demitido”, parodiando o bordão de Trump no programa de TV “O Aprendiz”, que o magnata apresentava.
Na mais recente pesquisa, Jeb, com 8%, não aparece nem sequer entre os quatro primeiros colocados. Carson lidera, com 29% das intenções de voto, seguido de Trump (23%), Rubio (11%) e do senador Ted Cruz (11%).
O que mais preocupa a equipe de Jeb é a fuga dos grandes doadores de campanha, que há poucos meses pareciam estar no seu bolso.
O temor foi confirmado pouco após o pífio desempenho no último debate, quando o bilionário Paul Singer, um dos mais influentes doadores republicanos, anunciou seu apoio a Rubio.
Em carta a outros doadores do partido, Singer afirmou que Rubio era o único capaz de derrotar a favorita do Partido Democrata, Hillary Clinton, na eleição presidencial do próximo ano. (Marcelo Ninio/Folhapress)