João Vicente de Castro já postou foto com guias de candomblé e saiu no tradicional Afoxé Filhos de Ghandy, na Bahia. Mas o ator de 38 anos diz não ter fé. “Eu não acredito em nada”, assume. “Infelizmente, não tenho nenhum tipo de fé, que é uma coisa que eu lamento muito porque gostaria de ter”, lamenta.
Apesar da descrença João tem no laguinho do jardim de sua casa uma estátua de Oxum. Na sala uma estátua de Oxum. “Eu amo o candomblé. Não gosto da parte de matança, mas acho lindo a cultura africana em geral, tanto o candomblé quanto a umbanda, que é o candomblé com afetos brasileiros, com o espiritismo”, explica.
Ele conta que já foi a terreiro, fez trabalho e limpeza, e jogou búzios. “Mas a verdade é que eu tenho sempre uma atitude cínica em relação a isso. No meio do jogo de búzios penso ‘ele tá mentindo para mim’”, diz. “Eu uso guia, eu faço coisas. Só não acredito nelas. Eu sei que é complicado, mas me faz bem tomar um banho de ervas. Não sei porque e não me importa. Eu não quero ter esse nível de razão na vida para nada. Eu acho lindo Oxum, Ogum, Iansã, Exu”, explica.
João gosta da mitologia do candomblé. “O candomblé tem uma narrativa espetacular, simbolismos que são lindos, as roupas, a cultura, a representatividade política… E eu gosto muito de estar perto disso”, afirma ele, que se define como agnóstico. Em casa, o ator chegou a ter um altar com um busto seu e outro do pai, o jornalista Tarso de Castro, que morreu quando ele era criança, além de fotos da mãe, a estilista Gida Midani, e da irmã, Ana Souza Dantas.
“Era cheio de santo, cheio de guias. Rezava ali. Rezava para quê, se você não acredita em nada? Não sei, não me interessa. Eu gostava”, lembra. “Parecia que eu estava organizando os pensamentos de maneira que meu desejo pudesse se alinhar com qualquer coisa. Eu adoraria que existisse (algo), ajudaria muito minha vida”, diz ele.
Apesar de não acreditar em religião, o ator faz questão de ressaltar a reverência às convicções alheia. “Eu respeito muito a crença das pessoas e a fé, todas”, garante. “Principalmente as religiões de matriz africana eu faço questão de exaltar, não só pela beleza e importância política quanto pelo jeito que eles me recebem”, diz.