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Joesley Batista negou ter recebido orientação de ex-procurador para gravar Michel Temer

O grampo no presidente foi essencial para o acordo de colaboração premiada do empresário ter sido homologado pela Justiça. (Foto: Reprodução)

O empresário Joesley Batista negou, nessa quinta-feira, que tenha recebido orientação do ex-procurador Marcelo Miller para gravar o presidente Michel Temer. A informação esta no blog do jornalista Fausto Macedo, do jornal O Estado de S.Paulo.

O dono da holding J&F depôs na PGR (Procuradoria-Geral da República), em Brasília, hoje por cerca de 3 horas. O empresário, porém, almoçou com o então procurador da República Marcelo Miller antes de gravar conversa com Temer.

O grampo no presidente da República, em encontro fora da agenda oficial realizado em março deste ano no Palácio do Jaburu, foi essencial para o acordo de colaboração premiada do empresário ter sido homologado pela Justiça. Joesley voou de São Paulo a Brasília nessa quinta-feira de manhã, acompanhado do executivo da empresa Ricardo Saud e do diretor jurídico Francisco de Assis.

O trio ficou, que por cerca de 10 horas na capital federal, prestou depoimento à Procuradoria da República em processo que deve revogar o benefício da imunidade garantido aos três na ocasião do acordo de delação. Com isso, eles poderiam ser processados e, eventualmente, até parar atrás das grades.

Em gravação obtida pela PGR, Saud e Joesley citam uma suposta influência de Marcelo Miller, que deixou a Procuradoria no início deste ano, para influenciar nos detalhes da delação premiada dos dois.  Joesley disse aos procuradores que conheceu o ex-procurador antes de ele ter sido exonerado da PGR. Miller, de acordo com Joesley, teria se apresentado como advogado.

O empresário confirmou aos procuradores federais que tratou, superficialmente, sobre o acordo de delação premiada com o ex-procurador. No entanto, negou que Miller tenha trabalhado para viabilizar a delação dele e do diretor Ricardo Saud. Miller teria sido procurado pela holdin J&F para assumir a área de compliance da empresa (divisão que cuida de práticas anticorrupção).

Amanhã, o ex-procurador Marcelo Miller será interrogado na PGR em Brasília. O procedimento de revisão do acordo de delação premiada está sendo conduzido pela subprocuradora da República Cláudia Marques. O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, estipulou até sexta-feira o prazo que todos os envolvidos esclareçam o conteúdo dos áudios da holdin J&F.

Segundo investigadores envolvidos na apuração do caso, a avaliação, antes de ouvir a versão de Miller, é a de que ele poderá ser responsabilizado pelo crime de exploração de prestígio, artigo 357 do Código Penal.O texto do artigo define punição para quem “solicitar ou receber dinheiro ou qualquer outra utilidade, a pretexto de influir em juiz, jurado [e] órgão do Ministério Público”.

A possível conduta criminosa de um ex-auxiliar próximo de Janot, que teve nome citado em gravação de delatores da JBS, causou constrangimento dentro da Procuradoria. “Causa embrulho no estômago, mas é algo concreto”, informou um investigador relacionado ao caso.

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