Ícone do site Jornal O Sul

Joesley Batista omitiu em delação negócio bilionário com as bênçãos do ex-ministro Antonio Palocci. O dono da JBS/Friboi não revelou a compra de um grupo norte-americano, em 2009, usando 2 bilhões de dólares do BNDES

Palocci confessou seus crimes e indicou o envolvimento dos dois ex-presidente com os crimes de corrupção na Petrobras. (Foto: Reprodução)

A delação premiada do empresário Joesley Batista, pivô da crise que abala o governo Michel Temer, pode ser questionada pela Procuradoria-Geral da República porque o acionista da JBS teria omitido negócio bilionário do grupo realizado sob as bênçãos do ex-ministro Antonio Palocci (Fazenda e Casa Civil/Governos Lula e Dilma).

Segundo revelou o site O Antagonista, Joesley firmou contrato com Palocci, com cláusula de êxito, depois que a JBS adquiriu a empresa americana Pilgrim’s, Pride Corporation com aporte bilionário do BNDES. A JBS repassou R$ 2,1 milhões à empresa Projeto Consultoria Empresarial e Financeira, de Palocci, entre dezembro de 2008 e junho de 2010.

O empresário que gravou a conversa com Temer no Palácio do Jaburu na noite de 7 de março afirmou à Procuradoria-Geral da República – já no curso da colaboração – que Palocci não facilitou nenhuma transação da JBS no BNDES.

Na época em que firmou contrato com a empresa de Palocci, a JBS comprou a Pilgrim’s por US$ 2,8 bilhões, dos quais US$ 2 bilhões saíram dos cofres do BNDES. Palocci exercia mandato de deputado federal pelo PT e detinha forte influência no governo – havia sido ministro da Fazenda de Lula e, depois, ministro-chefe da Casa Civil de Dilma.

O contrato de consultoria previa o pagamento de comissão de êxito no valor equivalente a 0,10% do negócio, até o limite de R$ 2 milhões. Estava previsto adiantamento de honorários de R$ 500 mil.

No dia 21 de junho, Joesley depôs na Polícia Federal em Brasília e teve que explicar os motivos de ter contratado a Projeto Consultoria, a empresa de Palocci. no depoimento Joesley afirmou que ele e o petista eram “amigos íntimos”. O empresário declarou que “não tem qualquer interesse em proteger [Palocci]”.

“Esclarece que eram amigos íntimos, de frequentarem a casa um do outro, com próximo relacionamento familiar, inclusive de suas esposas se conhecerem; que, entretanto, o depoente esclarece que não tem qualquer interesse em protegê-lo”, afirmou o empresário.

Segundo Joesley, a Projeto foi contratada “para consultoria de macroeconomia e política do Brasil no valor mensal de RS 30mil a RS 50 mil”.

“Perguntado sobre o valor do contrato, o depoente não se recorda ao certo, mas acredita que tenha sido no valor de R$ 2 milhões; que o depoente não tem conhecimento de o contrato ter sido assinado em nome da esposa de Palocci”, afirmou.

A PF questionou o empresário se ele “já não tinha conhecimento suficiente a respeito de relacionamentos políticos e partidários em 2009”. “Respondeu que não tinha a menor ideia das alianças e rivalidades entre políticos; que essas consultorias eram realizadas na sede da JBS durante almoços”, declarou.

Sair da versão mobile