O tradicional jornal britânico The Guardian está apostando em vitória brasileira no Festival de Cannes. A publicação colocou suas fichas em “O agente secreto”, de Kleber Mendonça Filho, como o vencedor da Palma de Ouro em 2025.
Em um ano muito disputado, com alguns hits como “Sentimental value”, de Joachim Trier, e “A simple accident”, de Jafar Panahi, o longa estrelado por Wagner Moura é o mais cotado para o crítico Peter Bradshaw, do Guardian.
Confira as apostas do jornal para a premiação:
– Palma de Ouro: “O agente secreto”;
– Grande Prêmio do Júri: “Two prosecutors”;
– Prêmio do júri: “A simple accident”;
– Melhor direção: Carla Simón, “Romería”;
– Melhor roteiro: Mascha Schilinski, “Sound of falling”;
– Melhor ator: Josh O’Connor, “The Mastermind”;
– Melhor atriz: Yui Suzuki, “Renoir”.
Crítica francesa
O Agente Secreto estreou no Festival de Cannes, na França, fazendo barulho. O novo filme de Kleber Mendonça Filho estrelado por Wagner Moura vem recebendo avaliações bastante positivas da imprensa internacional – em especial da crítica francesa local.
A trama recebeu destaque na capa do jornal francês Libération na segunda-feira, 19, depois da estreia em Cannes. “Virtuoso, o suspense de Kleber Mendonça Filho sobre um acadêmico perseguido pela ditadura brasileira na década de 1970 é altamente político, brutal e alegre”, destacou a publicação.
Um dos mais tradicionais jornais do país, o Le Monde apontou o longa como a obra mais “selvagem” do cineasta, ao combinar “política, ficção policial, sangue e reminiscências da realidade”.
Em sua crítica, Clarisse Fabre avaliou a produção “muito mais surpreendente” que Ainda Estou Aqui, obra de Walter Salles que ganhou o Oscar de melhor filme internacional em março. No começo do ano, o jornal despertou a fúria de brasileiros ao publicar uma crítica negativa do filme protagonizado por Fernanda Torres.
A Slate FR, versão francesa da revista americana homônima, definiu O Agente Secreto como um filme “labiríntico”, construído como “um quebra-cabeça que remete à virtuosidade narrativa do autor, às incertezas e à opacidade da situação”.
Na publicação, o crítico Jean-Michel Frodon apontou que “sem qualquer ambiguidade sobre o que denuncia, um regime de terror, o filme consegue fazer dele um suspense ao mesmo tempo espetacular, comovente e incerto, onde a relação com o cinema (parte da história se passa numa cabine de projeção) contribui para a multiplicidade de níveis de narração.”
A Cahiers du Cinéma, uma das mais influentes revistas de crítica cinematográfica do mundo, avaliou que o filme empresta do gênero policial “o que há de mais fragmentado, incoerente, desviante, permitindo-se pistas falsas, digressões fantásticas e outros desvios de pesadelo”.
“Se o Festival de Cinema de Cannes certamente não é o lar do espectador atento, com salas cheias de corpos cansados e olhos inevitavelmente cochilando”, escreveu o crítico Fernando Ganzo, “havia nesta sessão uma forma de alegria em abandonar-se, em deixar a consciência ser levada para a complexidade na qual os próprios personagens navegam, entre nomes falsos, encontros distorcidos com a justiça e o poder, reuniões de perseguidos, labirintos burocráticos e tiroteios”.
O Festival de Cannes termina neste sábado (24), quando será revelado o vencedor da Palma de Ouro, principal prêmio do evento. As informações são dos jornais O Globo e O Estado de S. Paulo.
