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Jornalista lança livro com as gafes de Dilma

Em “Dilmês: O Idioma da Mulher Sapiens”, o autor apresenta uma “análise sintática e política” da língua falada pela presidenta. (Crédito: Reprodução)

Em meados de 2009, o jornalista Celso Arnaldo Araujo decidiu acompanhar os discursos da presidenta Dilma Rousseff. Já naquela época, ela começava a se apresentar à população como presidenciável, e Araujo começava também a notar que havia algo de errado em sua maneira de se expressar.

Em “Dilmês: O Idioma da Mulher Sapiens”, o autor apresenta uma “análise sintática e política” da língua falada pela presidenta. Com humor, ele documenta e interpreta muito do que Dilma falou publicamente na última década, seja em entrevistas para os jornalistas ou em seus discursos. Está tudo no livro: das gafes que ficaram famosas e originaram memes, como a “saudação à mandioca”, até uma lista das 63 melhores frases da presidenta.

“Eventuais escorregadelas na forma e no conteúdo da fala humana são comuns no processo de comunicação entre pessoas, em qualquer nível. Umas se expressam melhor do que outras, simples assim. Mas alguns meses de exposição ao ‘dilmês’ logo me permitiram concluir que aquela língua estranha falada pela presidenciável Dilma tinha método, tinha regras. Tinha até estilo – que, para um iniciado, podia ser facilmente reconhecido a partir de outro planeta”, escreve o jornalista em uma passagem da obra.

“Dilma não apenas não sabe como diz como não sabe o que diz – seja numa reunião do G20 em São Petersburgo, seja em um encontro com bonequeiras no Vale do Jequitinhonha [MG]”, opina. “Ao longo dos últimos seis anos, Dilma promoveu a deformação contumaz de ditos, aforismos e máximas populares, e exibiu uma incapacidade dramática de reproduzir frases célebres cunhadas por outros e consagradas através dos tempos e das mentes. Uma das mais famosas citações de Machado de Assis, ‘Preso por ter cão, preso por não ter cão’, de ‘O Alienista’, foi aliterada por ela como ‘Muitas vezes você é criticado por ter o cachorro e, outras vezes, por não ter o mesmo cachorro’. O mesmo ataque seria feito, reiteradamente, a frases intocáveis de Nelson Rodrigues”, acrescenta.

Até o recente discurso da petista em Paris (França) foi comentado pelo jornalista: “Ela, uma intelectual com doutorado em Brasil – representou o País no COP 15, Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas, em Copenhague, marcando sua presença com uma declaração mais catastrófica que qualquer tragédia meteorológica, e que assim resumia nossa carta de princípios em relação à ecologia: ‘O meio ambiente é, sem dúvida nenhuma, uma ameaça ao desenvolvimento sustentável, e isso significa que é uma ameaça para o futuro do nosso planeta e dos nossos países’.”

Araujo trabalhou 27 anos na revista Manchete, pela qual conquistou duas vezes o Prêmio Esso. É autor do livro “Dr. Zerbini: O Operário do Coração”, biografia do médico pioneiro nos transplantes no Brasil.

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