O pecuarista José Carlos Bumlai disse, durante audiência na manhã desta terça-feira (9), que a ex-primeira-dama, Marisa Letícia, morta em fevereiro em decorrência de um AVC, lhe pediu para adquirir um novo terreno para a instalação da sede do Instituto Lula.
“Eu falei que não. Eu não tinha condição financeira. Eu estava tentando ajudar meus filhos numa recuperação judicial de uma empresa deles e que eu me afastei totalmente. Não tinha possibilidade financeira de fazer isso”, afirmou.
Ele foi ouvido como testemunha de acusação no processo que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva é acusado de receber como propina um terreno onde seria construída a nova sede do Instituto Lula e um imóvel vizinho ao apartamento do petista, em São Bernardo do Campo, no ABC Paulista. De acordo com a força-tarefa da Lava-Jato, os imóveis foram comprados pela Odebrecht em troca de contratos firmados pela empreiteira com a Petrobras.
Além dele, o juiz Sérgio Moro, responsável pelos processos da Operação Lava-Jato na primeira instância, ouviu mais três testemunhas de acusação. Bumlai também relatou que foi procurado por Marisa para fazer a aquisição do terreno.
Bumlai também disse que Marisa não queria que Lula soubesse do novo instituto e afirmou não fazer ideia do porquê.
Ele acrescentou que ajudou na criação do novo instituto apenas procurando 10 empresários que pudessem participar do projeto: “essa é a minha participação”. Segundo ele, o local “guardaria os presentes, as coisas. Um museu praticamente”. Ainda de acordo com ele, a ideia surgiu em 2010.
Bumlai ainda relatou que, com relação aos 10 empresários, teve a ajuda do empresário Marcelo Odebrecht. “Eu tratei a implementação do Instituto Lula, dos 10 empresários. Era o único empresário que eu tinha uma liberdade maior para conversar”, afirmou.