A alta cúpula do Poder Judiciário tem relatado incômodo com atos recentes do juiz federal Sérgio Moro, em Curitiba (PR), na condução das investigações da Operação Lava-Jato. A insatisfação, relatada a interlocutores por ao menos dois ministros do STF (Supremo Tribunal Federal) e por integrantes do Superior Tribunal de Justiça, foi vocalizada de forma aberta na decisão do ministro Teori Zavascki.
Ao determinar que Moro envie ao Supremo os áudios do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva interceptados nas investigações, Teori, que é relator da Lava-Jato na Corte, fez críticas à divulgação do material. De acordo com ele, a justificativa de que há interesse público em tornar as conversas públicas é “descabida”. Ele falou em direito à privacidade e intimidade dos atingidos pelo grampo e destacou que Moro não era competente para fazer análises sobre conversas de autoridades com foro privilegiado.
Nos bastidores, os ministros consideram três atos de Moro como sinais de que o magistrado “extrapolou” na condução da Lava-Jato: o grampo a advogados de Lula, a divulgação do áudio da conversa do petista com a presidenta Dilma Rousseff e a divulgação de nota em que o juiz se diz “tocado” com as manifestações do dia 13 deste mês. (Beatriz Bulla/AE)

