O Pix, sistema de pagamentos instantâneos do Banco Central do Brasil (BC), completa cinco anos neste domingo (16).
Nesse período, a ferramenta — que reúne cerca de 890 milhões de chaves cadastradas e já faz parte da rotina de mais de 170 milhões de brasileiros — conseguiu aumentar o acesso ao sistema financeiro e estimular a concorrência entre instituições, alcançando a marca de R$ 85,5 trilhões em recursos movimentados entre 16 de novembro de 2020 até 30 de setembro de 2025.
Desde o seu lançamento, o Pix conseguiu ampliar sua lista de funcionalidades: permite desde transferências instantâneas — sua principal função —, até o pagamento automático de contas recorrentes, o agendamento de pagamentos futuros, o Pix por aproximação, entre outros.
O tamanho do crescimento aparece nos números: só em 2024, o PIX movimentou mais de R$ 26 trilhões — valor equivalente a quase dois PIBs e meio do Brasil. Ao completar meia década, a expectativa do BC é que o Pix continue em expansão, impulsionado por projetos que devem integrar de forma ainda mais profunda o sistema de pagamentos, crédito e, no futuro, operações internacionais.
De acordo com Renato Gomes, diretor de Organização do Sistema Financeiro e Resolução do BC, o Pix nasceu para preencher uma lacuna nos pagamentos entre pessoas, e superou expectativas com a velocidade da adoção pelo público.
“Acho que a surpresa vem do fato de que ele permitiu novos modelos de negócio e possibilitou que as pessoas empreendessem de maneiras que antes não estavam no radar”, diz o diretor, reiterando que o sistema também aumentou a inclusão financeira do país.
É o caso, por exemplo, de vendas feitas pelo WhatsApp ou por redes sociais, em que o cliente envia o comprovante na hora. Esse aumento na atividade de trabalhadores informais também mostra como o sistema dinamizou a economia e ampliou oportunidades para pequenos empreendedores.
A economista Carla Beni, professora da Fundação Getulio Vargas (FGV) e integrante do Conselho Regional de Economia de São Paulo (Corecon-SP), reforça que essa expansão ocorreu porque o Pix simplificou e barateou o acesso aos pagamentos digitais.
Para ela, o amplo alcance transformou o sistema em um mecanismo de participação econômica, especialmente para quem antes tinha contato limitado com serviços bancários. “Ele é usado por todas as faixas etárias, níveis de instrução e condições financeiras.”
Os dados do BC mostram esse retrato: adultos em idade produtiva concentram mais de três quartos das transações — principalmente nas faixas entre 20 e 49 anos. Já na separação por regiões, o Sudeste lidera o volume de operações, seguido pelo Nordeste. Veja abaixo:
A popularização do sistema também provocou mudanças no uso de dinheiro físico. Desde 2020, o número de saques caiu 35%, e a circulação de espécie perdeu espaço para a conveniência das transferências instantâneas.
Segundo o BC, a mudança ainda trouxe alívio financeiro ao comércio: aceitar Pix custa, em média, apenas um quarto do valor cobrado ao varejo nas operações com cartão de débito e crédito.
A evolução do PIX desde o seu lançamento também trouxe uma mudança no comportamento dos usuários: se no início a maior parte das operações acontecia apenas entre pessoas físicas, hoje o uso no comércio e em serviços representa uma fatia significativa das transações.
Golpes
A evolução do sistema de pagamentos também trouxe a necessidade do aprimoramento de uma agenda de segurança. Só em 2024, por exemplo, o BC registrou R$ 6,5 bilhões em perdas por fraudes pelo Pix, um aumento de 80% em relação ao ano anterior.
Já neste ano, o BC registrou o maior ataque hacker do país, que desviou R$ 800 milhões de bancos e empresas ligadas ao sistema Pix.
Diante disso, a instituição precisou aumentar o seu arsenal de proteção. Segundo Gomes, direto do BC, uma das medidas mais recentes é a chamada coincidência cadastral, que exige que os dados das chaves coincidam com as informações da Receita Federal, reduzindo a abertura de contas com identidades falsas.
