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Lisboa quer roubar os brasileiros que viajam a Miami

Portugal incentiva aquisição de imóveis em áreas históricas e quer rivalizar com Miami na atração dos brasileiros. (Foto: Reprodução)

Lisboa (Portugal) apelou à sua história para rivalizar com a ostentação de Miami (Estados Unidos) e atrair brasileiros interessados na compra de imóveis. A presença dos brasileiros começou tímida a partir de 2012, quando o governo lusitano passou a oferecer visto de residência a estrangeiros que investissem no país para ajudar a tirá-lo da crise. Mas foi nos últimos meses que o centro histórico lisboeta teve ajuda da legislação e de missões de imobiliárias portuguesas a capitais do País para promover imóveis vagos em seus becos e ladeiras.

Em setembro de 2015, o governo português facilitou mais a concessão do Visto Gold, a autorização de residência para investimento. Pelas novas regras, quem investir 350 mil euros (em torno de 1,3 milhão de reais) na aquisição de imóvel de 30 anos ou localizado em áreas históricas ganha direito ao visto. Nos critérios anteriores, era necessário pagar 500 mil euros na compra de um imóvel.

Segundo a Apemip (associação imobiliária portuguesa), a compra de imóveis por brasileiros em Portugal subiu de 394 no primeiro trimestre de 2015 para 560 em igual período deste ano.

Para Pedro D’Orey, sócio da empresa portuguesa de decoração QuartoSala, Miami é “uma compra mais previsível, no modelo de luxo e ostentação”. Lisboa tem “estilo de vida mais sóbrio, menos espalhafatoso”. Ele diz que muitos clientes já trazem o decorador do Brasil. “Por isso tenho viajado para fazer contatos”, revela.

Sua clientela brasileira, que há quatro anos era “residual”, hoje representa 35%. Patrícia Barão, diretora da JLL (Jones Lang LaSalle), uma das principais imobiliárias do mundo, considera que a crise política do Brasil contribui para o fluxo atual.

A imobiliária Cunha Bueno abriu unidade em Lisboa. “Já compramos 11 prédios no centro histórico e reformamos. Sete deles foram vendidos para brasileiros”, destaca o sócio Ronaldo Bueno Filho.
Ana Araújo, coordenadora da Cunha Bueno em Portugal, estima uma alta de 15% no volume geral de investimentos brasileiros. “O custo de vida aqui é barato, o brasileiro se identifica com suas origens e não há a barreira do idioma. E tudo isso coincide com esse momento atual da crise brasileira, que gera outro polo de forças, dos brasileiros procurando oportunidades de viver no exterior.”

Perfil de brasileiros.

O perfil de quem procura é de elite: empresários em seus 40 anos, cansados da turbulenta economia brasileira, empreendedores encorajados a recomeçar, pais de filhos que estudam na Europa. O interesse nos imóveis da área histórica e turística da cidade cresce com a possibilidade de alugá-los para temporada quando estão desocupados, segundo Bueno Filho.

Os apartamentos de dois quartos custam de 300 mil euros a 500 mil euros. Com vista para o Tejo, podem valer 2 milhões de euros. (Folhapress)

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