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Livro resgata a história da Bibliotheca Pública Pelotense

Assinada pelo jornalista Klécio Santos, a publicação reúne os principais acontecimentos que marcaram a memória da instituição. (Foto: Clarice Castro/Divulgação)

Em 1875, Pelotas era uma das cidades mais prósperas do Império, graças à fortuna que jorrava da indústria do charque. Com um cenário arquitetônico invejável, contudo, faltava um templo para celebrar a leitura, impulso que fizesse jus à fama cultural. Por esforço do jornalista Antônio Joaquim Dias, que iniciou uma campanha nas páginas do Correio Mercantil, no dia 14 de novembro foi criada a Bibliotheca Pública Pelotense.

Passados 140 anos, a antiga instituição ganha agora um livro, assinado pelo jornalista Klécio Santos. Ao longo de 228 páginas, a obra reúne os principais acontecimentos que marcaram a história da Bibliotheca, desde a primeira reunião organizada em um prédio improvisado cedido por João Simões Lopes, o Visconde da Graça – avô do escritor João Simões Lopes Neto – até os dias atuais com a Bibliotheca restaurada, retomando a tradição de ser um espaço multicultural.

O livro é repleto de curiosidades da gênese da instituição como a escolha do terreno (em frente à Praça Pedro Osório), a disputa entre os projetos arquitetônicos de José Isella e Dominique Pineau para a construção do prédio – cuja obra iniciou em 1878, foi inaugurada em 1881 e concluída 1885 – e até mesmo a cessão do terreno nos fundos para ampliação da escola agrícola e veterinária (hoje Escola Eliseu Maciel).

A obra é uma viagem no tempo através de várias inciativas que marcaram a instituição, como a criação dos cursos noturnos para o proletariado, a primeira sessão de cinema na cidade, a criação do Club Abolicionista e do Club Beethoven, fundado por charqueadores amantes da erudição.

Klécio Santos, que este ano será o patrono da 45 ª edição da Feira do Livro de Pelotas, ainda retrata a visita da Princesa Isabel, a criação de sociedades literárias que traziam nomes como o poeta Lobo da Costa e Bernardo Taveira Junior, autor da letra do hino da Biibliotheca, e dos principais concertos ocorridos no século 19, entre eles o do violonista Johannes Wolff. A obra reproduz imagens do jornal satírico Cabrion, mantido por Eduardo Chapon e Eduardo Guerra, das raridades do Museu e das obras que fazem parte hoje da Pinacoteca da instituição, entre elas A Mulher de Vestido Preto, de Leopoldo Gotuzzo, que expôs seu trabalho pela primeira vez na instituição com apenas 16 anos.

Resultado de dois anos de pesquisa, a obra contém ainda capítulos que abordam os bailes de Carnaval, a reforma que ampliou o prédio para dois andares, concluída em 1915, e o curioso furto do livro Brazil Pitoresco, de Charles Ribeyrolles, mais tarde recuperado e hoje uma dos mais raros do acervo de cerca de 200 mil volumes. Um capítulo com preciosidades é dedicado ao escritor João Simões Lopes Neto, que foi secretário da instituição.

A Bibliotheca hoje é presidida por Lisarb Crespo da Costa, a primeira mulher à frente da instituição. O livro completa uma trilogia escrita por Klécio Santos sobre os principais prédios históricos e culturais da cidade: antes havia lançado Sete de Abril, o Teatro do Imperador e Mercado Central:1846-2014. A pesquisa contou com apoio do livreiro Adão Monquelat e o livro traz fotos exclusivas de Paulo Rossi.

O projeto gráfico é de Valder Valeirão. Sob o selo Fructos do Paiz – criado pelo escritor Aldyr Schlee – o livro tem apoio da Celulose Riograndense, por meio do financiamento da Lei Federal de Incentivo à Cultura, e da Companytec, através do Pró-Cultura RS, além de apoio da Bibliotheca Pública Pelotense. A produção cultural e executiva é da ATO Produção Cultural e da Maestra Comunicação e Cultura.

Eventos de lançamento do livro Bibliotheca Pública Pelotense:

Dia 19/10 às 19h, no Museu de Arte do Rio Grande do Sul – Praça da Alfândega, s/nº – Porto Alegre, RS.

Dia 14/11 às 19h, na Bibliotheca Pública Pelotense – Praça Cel. Pedro Osório, 103 – Pelotas, RS.

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