Encélado, a sexta maior lua de Saturno, é um dos mundos mais fascinantes do Sistema Solar. Os cientistas não param de se surpreender à medida em que novas informações são conhecidas. Agora, a Nasa (agência espacial americana) afirma que o astro possui um oceano de água em estado líquido quente e global embaixo de sua crosta de gelo.
As informações foram fornecidas pela sonda Cassini. Pesquisas anteriores indicavam que Encélado poderia ter massas de água apenas no seu polo sul. Agora, as análises da gravidade e as imagens feitas ao longo de sete anos mostram que o oceano de água envolve toda a lua.
Encélado também possui um núcleo rochoso. De acordo com a Nasa, uma das possíveis razões para essa lua não ser mais um astro inteiramente congelado é a influência que a gravidade de Saturno exerce sobre as marés, o que acaba gerando calor. No entanto, novas observações serão necessárias para determinar as características do oceano.
O que se sabe é que força gravitacional de Saturno sobre sua lua é tão grande que gera atividades no polo sul, com jatos de vapores de água com quilômetros de altura.
Segundo uma outra pesquisa da Nasa, Encélado possui uma atividade hidrotermal bem próxima das profundezas dos mares na Terra. Essa ebulição poderia gerar um ambiente propício para abrigar formas de vida. Os cientistas também conseguiram identificar moléculas orgânicas em meio às partículas de gelo expelidas pelos jatos no polo sul do astro.
Imagens da sonda Cassini mostraram que aproximadamente 250 quilos de água são jogados para o espaço a cada segundo a uma velocidade de quase 2,2 mil quilômetros por hora. A Cassini também conseguiu “experimentar” as partículas ejetadas e descobriu que, além de salgadas, elas continham material orgânico simples.
A grande questão, então, era saber se o oceano se restringiria a um grande mar no polo sul apenas, de onde partem as plumas detectadas, ou se seria um oceano global, envolvendo toda a lua. A resposta, de acordo com um artigo publicado na revista Icarus, é que debaixo da crosta de gelo, cada centímetro quadrado de Encélado está banhado em um oceano salgado. A equipe liderada por Peter Thomas, da Universidade de Cornell (EUA), usou imagens da pequena lua e as medidas de seu movimento ao redor de Saturno.
A aceleração e a desaceleração de Encélado, conforme ela percorre sua órbita, bem como as pequenas variações da medida da gravidade da pequena lua, detectadas pela sonda Cassini, foram usadas para se obter essa conclusão. Simulações em computador usando diversas estruturas para o interior da lua mostraram que o melhor modelo que reproduzia os movimentos medidos pela sonda Cassini era o que continha um oceano de 20 a 40 quilômetros de espessura, abaixo de uma crosta de 10 quilômetros de gelo.
A descoberta atiça ainda mais a curiosidade dos astrobiólogos, já que o potencial para haver vida microbiana simples é muito grande. Entre 2006 e 2015 nada menos que 11 missões de estudo de Encélado foram propostas, mas até agora nenhuma saiu do papel. Quem sabe agora alguma delas ganhe mais financiamentos para prosseguir.
Enquanto isso, a Cassini deve ainda fazer mais três sobrevoos até o final do ano, sendo que, no penúltimo deles, previsto para 28 de outubro, a sonda deve passar a meros 49 quilômetros da superfície de Encélado. Podemos esperar imagens fantásticas!