O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta quinta-feira (20) que está feliz com a decisão do governo Donald Trump de começar a retirar tarifas adicionais sobre produtos brasileiros.
“Hoje eu estou feliz porque o presidente Trump já começou a reduzir algumas taxações que tinha feito em alguns produtos brasileiros. Essas coisas vão acontecer na medida que a gente consiga galgar respeito das pessoas. Ninguém respeita quem não se respeita. Em política, em economia, não tem mágica. Você tem que fazer aquilo que é possível fazer, na hora que é possível fazer, sem pegar ninguém de sobressalto”, afirmou Lula em evento do Salão do Automóvel, em São Paulo.
Lula afirmou que, desde o início, buscou agir com cautela diante da sobretaxa imposta pelos Estados Unidos. O tarifaço começou a vigorar em agosto. Outros países também foram alvo de Trump, desde o princípio do ano.
“Agora, quando o presidente dos EUA tomou a decisão de fazer a supertaxação no mundo inteiro, todo mundo entra em crise, todo mundo fica nervoso. Eu não costumo tomar decisão com 39 graus de febre. Espero abaixar, porque se não a gente comete erros.”
Segundo o presidente, a decisão da Casa Branca de retirar tarifas para parte dos produtos brasileiros é consequência direta do processo de negociação iniciado entre os dois governos.
Lula afirmou ainda que continuará buscando “diálogo e racionalidade” para resolver o restante das tarifas em vigor.
Tarifas
A seleção inclui carne bovina, café, açaí, cacau e diversos outros produtos. São 249 itens que foram acrescentados à lista de exceções do tarifaço aplicado ao Brasil.
A decisão reverte o decreto executivo que declarava estado de emergência nacional em relação a práticas e ações do governo brasileiro, e resultava em sobretaxa aos produtos do país.
Na semana passada, os Estados Unidos já haviam reduzido as tarifas de importação de cerca de 200 produtos alimentícios, incluindo café, carne, açaí e manga. Para o Brasil, as taxas haviam caído de 50% para 40%.
A ordem exigirá o reembolso dos impostos cobrados sobre importações brasileiras a partir de 13 de novembro, de acordo com o texto da ordem divulgado pela Casa Branca.
Ao contrário da ordem executiva da semana passada, que era global, a decisão de hoje se aplica somente ao Brasil.
Na ordem desta quinta, Trump citou a conversa com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, no início de outubro, e escreveu que a retirada das tarifas é consequência das negociações entre o governo brasileiro e o norte-americano.
“Em 6 de outubro de 2025, participei de uma conversa telefônica com o presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva, durante a qual concordamos em iniciar negociações para abordar as preocupações identificadas no Decreto Executivo 14323. Essas negociações estão em andamento.”
“Na medida em que a implementação desta ordem exigir o reembolso dos direitos aduaneiros cobrados, os reembolsos serão processados de acordo com a legislação aplicável e os procedimentos padrão da Alfândega e Proteção de Fronteiras dos EUA para tais reembolsos”, escreveu o presidente americano.
A retirada de taxas do café e da carne, especificamente, representam um alívio para exportadores brasileiros desses produtos.
Os Estados Unidos são o principal comprador de café do Brasil e respondem por cerca de 16% de tudo o que o país exporta, segundo o Ministério da Agricultura.
